quarta-feira, 13 de abril de 2016

NADA SOBRE NADA

eNTÃO...

Sim, ledores, fiquei bom tempo sem escrever. Não por falta de vontade. Talvez faltou coragem. Muitas coisas quis dizer, mas recuei, repensei, me calei. Motivos? Difícil traduzi-los em signos que representem com alguma proximidade o que são, afinal, compôs Catulo da Paixão Cearense "como definir o que só sei sentir?".

Fato é que tenho me dado conta, quiçá erroneamente, de que não pertencemos a nós mesmos. Somos nossos sem o ser de verdade. Afirmação que, de longe, me lembra Sartre ao condenar-nos à liberdade "infernalizada" pela presença do outro. Senhores soberanos de nossas decisões, sem escape possível do crivo laudatório ou condenatório dos conhecedores das tais escolhas. Sempre em relação e nunca realmente a sós, vemos-nos obrigados a gozar ou chorar dos penetrantes dardos afiados em saliva e atirados contra nós por lábios naturalmente normais.

Há insensíveis que, mesmo alvejados por diversos lados, conseguem gelidamente não sofrer. Há quem se quer se fira. Há também quem se desmonte, quem se desfaça, quem se deprima. Há os que nada percebem. Focados em si mesmos ou em seus projetos, os gritos do derredor pouco ou nada lhes comunica. E há os que são como eu... Mas não os sei caracterizar. Paciência, eis apenas mais um de meus muitos limites.

Sendo assim, calar-me, em tal delicado momento, mostrou-se-me o melhor desafio a encarar. Hoje, porém, a tentação de somar letras e costurar palavras foi mais forte e eis-me aqui a, como dantes, coisa importante alguma dizer. Salve-me a gentileza caridosa deste que seu tempo dedicou a tão atenta leitura. 

Grande abraço, ledores.