sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

RN - TERCEIRA REFLEXÃO: PERICÓRESE

eNTÃO...

Buggys durante passeio pelas dunas móveis de Jenipabu
São 01h04. Se entendi bem, a indústria do turismo é enorme. Guias, motoristas, bugueiros, balseiros, restaurantes, hotéis, ambulantes, dançarinos, cantores, artesãos, fotógrafos, muitos vendedores, enorme concorrência...

A inter-relação existente entre eles é interessante. São células diferentes de um mesmo corpo. A interdependência é inegável e indispensável. Em geral, são pessoas sorridentes, agradáveis, seguras do que dizem. Claro que há oportunistas nesse meio! Tal fato é inegável.

Mas a humildade do rapaz que puxou nosso dromedário me cativou. Um jovem simples, que, com dedicação, repetia palavras árabes para agradar aos turistas. A boa vontade do balseiro que, em silêncio e com um bambu, empurrou nosso buggy para o outro lado do rio também me cativou. Gente que, de modo velado, compõe os alicerces dessa grande construção.

Carros atravessando o rio em balsas manuais
Essas pessoas ganham a vida fazendo-nos sentirmo-nos importantes. Precisam fazer com que nosso passeio seja divertido. Por vezes tratam-nos como crianças grandes, ou melhor, crianças abastadas. É... Nossa diversão, muito amiúde, é fazer coisa de criança. Fascinarmo-nos como o mais simples da vida. Sobre esse assunto ainda escreverei.

Quero terminar esse post saudando carinhosamente a essa gente feliz e sofrida. Homens e mulheres que passam o dia sob o calor escaldante de uma das cidades mais ensolaradas do planeta para proporcionar lazer a visitantes desconhecidos do mundo inteiro. Claro que recebem por isso, mas o dinheiro não os torna meros objetos do passeio. Outrossim, espero conseguir visualizar homens e mulheres similares por onde quer que eu passe, ainda que seja nas vielas de Jacaré Pequeno.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

RN - SEGUNDA REFLEXÃO: LUTO

eNTÃO...


Capela do Forte dos Três Reis Magos

São 07h55. Ouço Ziza Fernandes. Fazer turismo é uma delícia: lugares belíssimos que significam muito pra quem vem de fora, tira fotos, e depois conta para os amigos: "Eu estive lá!". Sotaques, tipos físicos, temperos, palavras novas, aquisição de conhecimento que nos faz um pouco mais cultos.

Não consigo, entretanto, deixar de pensar que turismo é algo irreal. São, sim, momentos maravilhosos de relax, de novas informações, de sorrisos e boa convivência. É bom, mas esta não é minha vida. Minha família, amigos, trabalhos e projetos não estão aqui. Daqui levo belas fotos, gratas lembranças e algumas dívidas, nada mais.

Rsrsrs... Amigo leitor, sem mentira, estou feliz por estar aqui. E recomendo o passeio! Todavia, quando soube do homicídio do pai de uma querida e importante amiga, ontem, desejei estar em Jacaré Pequeno. Poder abraçá-la. Rezar com ela, com a irmã e com nossa comunidade. Sofrer junto e dar força! Por favor, me entenda: não me sinto responsável, nem na obrigação de estar lá. Gostaria de estar lá!

Maior cajueiro do mundo
 Todo o verde é a copa de uma mesma árvores.
Uma grande aprendizagem tenho adquirido nesses dias. Devo viajar mais vezes, me fará bem. Todo o glamour, entretanto, dessas idas e vindas não se compara à simplicidade do dia a dia, às vezes extenuante, da realidade de minha vida. Sair faz-me entender que é bom voltar. O inédito faz-me entender o que é bom ter alguma  rotina. Novos rostos, gostos, tons e sons fazem-me entender como é linda a diversidade cultural e quanto importante é a minha cultura.

Amiga, rezo por você. Que supere a dor. Que perdoe a maldade dos homens. Que encontre forças na fé e nos amigos. Que supere o choque. Que conte comigo e com a comunidade. Que Deus a abençoe, console e conforte hoje e sempre.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

RN - PRIMEIRA REFLEXÃO

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São 23h34. Ouço a cantora potiguá Roberta Sá. Sambista de primeira linha!

Que faço aqui? Boa pergunta. Cheguei esperando muitas emoções. Nem imaginei que a primeira seria tão indiferente à beleza do lugar. Enquanto aguardávamos a bagagem, percebi, ao meu lado, uma mãe e seu filho de, no máximo, seis anos. Pasmei. Ele estava usando o aparelho que, se eu tivesse usado com a idade dele, possivelmente, me teria privado de cirurgia.

Fiquei curioso por sondar como ele pensa aquele trambolho no rosto. Uma haste externa, ligada a sua testa e a seu queixo, e cujo centro se prende por elásticos à sua arcada dentária superior. Como deve incomodá-lo. Não só fisicamente, mas pela atenção que certamente atrai por onde  passe.

Seria diferente minha história se, no passado, minha família possuísse dinheiro e cultura para me proporcionar algo semelhante? Nos padrões de minha época, claro! Sei lá... Não senti inveja nem dó, nem tristeza ou revolta. Queria conversar com aquela mulher. Conhecer aquele garoto. Falar das coisas que tenho vivido e que ele, felizmente, não há de viver. Talvez eles me contassem dissabores que também felizmente não vivi.

 Limitei-me à quietude. Não era hora pra papo! Cada um tem seu caminho. O do menino é diferente do meu. Essa situação faz-nos reconhecer que cada experiência é única, porém nunca solitária. Um mesmo problema para pessoas diferentes. Sentimentos únicos, compreensão compartilhada. Desejo que aquela criança supere com a rapidez típida aos petizes sua dificuldade dentária. Quanto a mim, que eu supere também! Rsrsrsrs... Deus é bom demais.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

SARAH M.

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São 22h57. Ouço o volume Fernanda Brum da coleção "Falando de Amor".

O que se esconde atrás de um olhar? Arrisca-se a um palpite quem conhece seu dono. O rosto fechado da comissária e seu olhar frio puseram-me em reflexão. A última vez que voei, encontrei-me com profissionais por demais simpáticas. Então, antes de rotulá-la “aquém das colegas”, fiquei pensando em quem seria ela.

Viajei mais alto que o avião... Onde moraria? Idade? Alguém a esperaria em casa? Teria sonhos? Enfrentara frustrações? Quais seriam seus gostos? Qual seria sua fé? Jamais saberei essas coisas! Como então a julgar?

É, mais uma vez faço muitas perguntas, não? Rsrs. Pela manhã, ainda em Jacaré Pequeno fui à prefeitura. Assisti a fúria de um senhor contra uma funcionária. Ele tinha boas razões para a ira. Mas seria ela merecedora disto? Eu, que me impacientava com a lentidão no atendimento, senti comiseração e acalmei-me.

Tenho pensado que por trás das máscaras, somos iguais. Todos nos cansamos e ansiamos repouso. Todos comemos, bebemos, dormimos. Todos temos sonhos. Todos, em algum momento, voltamos pra casa. Somos seres humanos! Há sentimentos entranhados em casa pessoa que cruza nosso caminho...

Antes da aterrissagem, vi a jovem sorrir. Espantei-me: não esperava pelo fato. Quiçá a julgara mal. Seria tão bom se as pessoas se encantassem com o mistério que são por si mesmas. Se soubéssemos nos respeitar com carinho e admiração pelo simples fato de sermos filhos de Deus. O utopia boa. Vou tentando, com a graça de Deus.

domingo, 23 de janeiro de 2011

"E QUANDO EU ESTIVER MORTO..."

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São 14h57. Ouço "Sutilmente", música preferida de uma querida amiga. Até hoje não sei  como ela conseguiu meu msn. Fato é que me adicionou e começamos a teclar: eu estava no auge de minha reeducação alimentar e ela só falava em doces, tortas, bombons... Nada comum entre nós, né?

Ela, casada e mãe de tríade, estava sendo catequizada. Eu, desde infante, religiosamente bem formado. Ela: impulsiva, imprudente, barraqueira. Eu: forçadamente sensato, desconfiado, indiferente. Ela: acostumada a falar o que pensa, sem medir consequências. Eu: treinado para escolher palavras certas em momentos certos. Ela tem coceira no pé quando curiosa. Eu pouco me interesso pela vida dos outros. Nada comum entre nós, né?

Tornamo-nos amigos! Penso que não seja precípuo ter coisas em comum para se estabelecer uma amizade.

Ela é nada sutil. Na verdade, é ímpar e síngular, mas tem bom coração. Preocupa-se com o bem, embora tantas vezes recaia no mal... Ela é divertida. Deseja ser boa mãe. Espanto-me com suas confusões e aprendo com suas dúvidas. Ela teve uma história sofrida. Sofre até hoje! Mas todos, um dia ou outro, sofremos. Faz parte! Só desejo que ela seja feliz. Desejo que, com seu sorriso contagiante, faça as pessoas ao redor alegres e felizes. Que seu lar seja abençoado e sua família santificada. Amém.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

CONEXÕES

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São 17h42. Ouço Dalvimar Gallo. Sempre fascinei-me pela beleza do crochê e do tricô. O que mexe comigo é a forma como um mesmo fio consegue se entrelaçar de modo tão diverso, dando existência a outro ser, no qual ele está, sendo distinto.

Quanto potencial tem um novelo? Para mim, que pouco sei dessa arte, o potencial parece mínimo. Para aqueles cujos olhos e o coração estão preparados, a partir de um enrolado de linha, peças mil podem desvelar-se. É o mistério da arte.

Imagino um homem, nesciente na arte da vida como eu o sou na arte do crochê, olhando para vida de outrem e vendo um simples novelo... Imagino Deus, onisciente como só Ele é, visando-nos... Que imenso contraste de imagens daria! Onde mal enxergarmos perspectivas, Deus conhece obras e frutos, bons ou maus. Ele, Deus, conhece a quantidade de dobras e nós que podemos receber, para, sem deixar de ser quem somos, tornarmo-nos mais.

Quiçá, como as linhas, permitamos à águlha do Senhor moldar-nos. Sem resistência ou teimosia, cedermo-nos a Deus integralmente. Evidente é que a tecelagem põe tensão sobre o fio, forçando-o a descobrir-se resistente. Se fosse sensível, sentiria dor. Pela beleza da peça, todavia, o fio submete-se à pressão. Que pela graça de Deus, desapareça quem sou, para resplandecer a imagem e semelhança do Criador.

CANSAÇO

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São 23h47. Ouço Elizeth Cardoso. Estou cansadão. São muitas as tensões diárias e 24 horas são pouco para administrá-las. Corre-se para lá, corre-se para cá, escorre-se o suor, transcorre-se o tempo. Começo a me cansar da ausência de mastigação. Que tipo de homem é incapaz de morder uma fatia de pão? Sou eu! Ao menos por enquanto.

Vejo-me impossibilitado de academia. Carne, quando voltarei a comer? O inchaço tem até junho pra sumir, então, nem posso falar dele! Minha articulação é deficitária e meu canto difícil. Se corro da chuva, sinto minha boca. Uso elástico e doem-me-se os dentes. Não os uso, parece que a mandíbula se me vai deslocar. Pra quem me vê, estou bem. E estou realmente. Mas não sou 100% o que fui, e só Deus, de verdade, sabe isso. Um consolo ante o desafio que se mantém.

De todos os lados percebo pequenas cobranças em questões: "como será?", "está pronto?", "estão fazendo?", "o senhor viu?", "o que o senhor acha", "a gente pode?", "já não devia estar pronto?"... Não me irrito nem me enervo. Faço o que posso e creio no poder de Deus.

Saiba, amigo leitor, penso estar aprendendo o quanto podemos ser parciais. Vemos as coisas sob o prisma de nosso juízo, nossa pressa, nossos valores. Se tais coisas diferem de nossos padrões, parecem erradas, perdidas. E nem sempre é assim. Por vezes são simplesmente diferentes.

Digo nada com nexo, né? É o cansaço! Rsrsrs... Ah, Deus me liberte de uma parcialidade individualista e egocêntrica. Amém.

domingo, 16 de janeiro de 2011

RESPONSABILIDADES

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São 10h47. Ouço Nana Caymmi. Acordei às 9h. Quase perdi a missa. Saí correndo. O padre, além de muita gente, também chegou atrasado.

Já encontrei muitas pessoas se perguntando por que Deus quis isso ou fez aquilo. Numa grande maioria dos casos, tais pessoas esqueceram-se de se questionar o porquê delas mesmas terem querido isso ou feito aquilo. Creio na ação da providência divina entre nós, todavia peso a responsabilidade de minhas escolhas também.

Associar a Deus a origem das consequências negativas encontradas nos caminhos que se resolveu seguir é abraçar a cultura fatalista de uma piedade popular vazia de fé e nada amadurecida. É personificar a vocação de um marionete. Dizer que os erros são causados por um encosto é um modo terrível de máscarar as fraquezas. É posar de bonzinho e fazer-se de vítima. É negar a fraca formação de consciência e cerrar os olhos para as falhas de caráter.

Então tudo depende de nós? Jamais afirmaria isso! O bom vem da graça de Deus, e o mal de sua ausência. A graça está à disposição, se nos falta, ou não a buscamos com veracidade ou não a compreendemos. Afinal nem tudo que parece ruim o é de fato. Deus nos dê sabedoria para distinguir bem e mal e coragem para assumir nossos erros e acertos.

Amigo, leitor. Bom domingo! Deus o abençoe.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

SEMPRE AO SEU LADO

eNTÃO...

São 13h18. Ouço o 5º Episódio da 1ª Temporada do 24 Horas.

"A gata comeu" foi uma das novelas mais marcantes que assisti. E a música "Forever by your side" é um imortal em minha memória.

Outrora as tramas novelescas eram românticas, simples e demoradas. Os amantes passavam 180 capítulos lutando pra ficar juntos. Os vilões eram cruéis sim, mas o amor era firme, forte, destemido. As vezes uma mentira bem contada afastava os enamorados e os fazia sofrer. Em "A gata comeu", quando os protagonistas pareciam ter alcançado a felicidade, uma amnésia os separa. Recomeça a história, e mocinha, cuja personalidade é totalmente anti-heróica, precisa ser reconquistada.

Não vejo novelas. Não tenho tempo. Não tenho inteligência pra isso. Estressam-me. Quando sei algo de suas histórias, noto a rapidez com que os personagens se apaixonam, se casam, se separam, conhecem outras pessoas, se apaixonam, se casam, etc, etc, etc... Um círculo rápido e fútil! Como se o amor entre duas pessoas fosse realmente impossível. Um sentimento que se esgota ante as particularidades negativas e que se mostra incapaz de crescer alimentado pela positividade cativante que levara o casal à vida conjugal.

Minha saudade não é de folhetins globais. Sinto falta daquela utopia familiar que culminava na expressão: "e foram felizes para sempre". Careço ver paixões sólidas, capazes de uma doação sem medida e de um acolhimento incondicional. Triste é reconhecer que tal carência não é minha, é da nossa sociedade fugaz, egoísta e materialista. Quis a vida que eu não me casasse. Sou só e feliz assim! Todavia antes da morte quero agradecer a Deus pelos amantes que intensa e eternamente viveram seu matrimônio. Pois assim glorificaram a Deus e, certamente, foram felizes.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

PARADOXO

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São 07h33. Ouço Flávio Venturini. Alguns leitores perguntaram por que não escrevi sobre meu aniversário. Talvez por eu ainda não ter entendido aqueles dias. O mistério da vida me é muito caro. Assim, também, o mistério da morte.

Ontem, à noite, fui ao velório. Considerava-o muito. Torci por ele. Sabíamos que faleceria. A doença jamais deu sinais de derrota. Sofríamos vendo-o sofrer. Serenizou-me, porém, a esperança que demonstrou quando nos encontramos. Ele olhava para o passado com gratidão, admitia a tristeza do presente e sonhava...

Pouco convivemos. Foram algumas conversas, antes ou pós missa participada juntos. Em certas ocasiões tentei adverti-lo ou aconselhá-lo: pedi que cuidasse da alimentação, fizesse uma caminhada, mudasse o estilo de vida! Nunca pensei que tão violentamente uma enfermidade acometê-lo-ia.

Emociono-me em velórios de cristãos. Não pelo fato da morte, da despedida, da nostalgia. E sim por encontrar-me com outros homens e mulheres de fé. Olhar ao redor e ver gente chegando! Gente que conosco orou, cantou, anunciou o Reino e a Palavra, comungou, suou a camisa por um trabalho economicamente não lucrativo. Gente que conosco sorriu e chorou. Amigos cuja fraternidade concentra-se num parentesco espiritual. Nossa despedida tem expectativa de reencontro e gosto de ressurreição.

Amigo, Deus acolha sua alma. A Ele e a você sou grato por tantos sorrisos juntos. Sua vida, com os espinhos e as pedras que enfrentou, encheu os caminhos de muitos com alto astral e alegria. A luz perpétua o ilumine, descanse em paz, amém.

domingo, 9 de janeiro de 2011

MATURIDADE CRISTÃ

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São 07h29. Ouço o cd "Barco a Vela". À noite estaremos (Filhos de Maria e eu) em Ribeirão do Pinhal em uma "missa de louvor".

Em minha adolescência, essas missas me eram muito especiais. Quase salvadoras da Igreja. Como se a finalidade da instituição eclesial fosse o Grupo de Oração. Este resgatava, em minha mente, o sentido da Eucaristia.

Hoje sou adulto. Minha fé, ainda não plenamente, amadureceu também. Para mim, nada mais se pode comparar à Eucaristia. Ela é por si só e indifere da espiritualidade que marque a celebração. Outrossim admito sua força divina e transformadora ao tornar-se, ela mesma, uma espiritualidade na vida do comungante.

Não menosprezo qualquer estilo de celebração. Ao contrário, ressalto o espírito eucarístico: ele faz a diferença! Entender a comunhão como momento de banquete. Um pão para ser comido. Um vinho para ser bebido. Um Deus que se serve e espera que saibamos servir de nós aos outros.

Quando se entende essas coisas, seja a missa carismática, afro, libertadora, catequética, catecumenal, jubilar, etc... será tocante, envolvente, agradável da mesma forma, pois nela está Deus, e n'Ele nossa salvação, nossa cura, nossa felicidade.

Deus unja à equipe que animará a liturgia desta noite em Pinhal. Deus prepare os corações que lá estarão para celebrar. Deus permita que ninguém se iluda com homens ou estilos. Deus abra os corações para que o encontremos e a Ele nos aliancemos eternamente. Amém. 

sábado, 8 de janeiro de 2011

GALALAU

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São 22h28. Ouço os trovões e as primeiras gotas de chuva. Estou carente das aulas de Filosofia da Beleza que não tive. Agora à noite, voltando pra casa, fiquei observando os longos usados pelas belas que se dirigiam a uma festa. Também notei alguns rapazes vestidos de Adônis. Afinal, o que é beleza?

Elogiaram minha magreza. Perdi cinco quilos após a cirurgia! A loa veio de uma jovem que malhava no mesmo horário que eu. Ela sabe o quanto suamos para perder peso! Por isso viu com outros olhos esse físico tão criticado ultimamente...

Dizem que a beleza é fruto de uma matemática perfeita. Ela seria gerada por uma série de proporções simétricas que resultaria, ainda que de forma não pessoalmente tocante, em formas universalmente agradáveis. Nesse caso, a natureza teria privilegiado uma minoria e chagado uma imensidão de gente? Ou o fato de não ser socialmente considerado uma beldade é indiferente?

Há quem identifique beleza com sensualidade. Essa é uma extrema forma vulgar de comensurar a questão. Sairíamos a discussão filosófica e aventurar-nos-íamos pelo campo da dimensão erótica de cada qual. Seria chover no molhado, pois o que apetece a um nem sempre apetece a outro. E Aristóteles afirmava que todo o ente é apetecível!

Vigi, escrevi demais. É hora de fechar. Como sempre, não tenho respostas! Há pessoas lindas por aqui que jamais serão capa de revista. Talvez por não serem, fisicamente, indiscutíveis anjos barrocos. Mas são lindas! Sua beleza se concentra na bondade, e esta virtude, devidamente alimentada, não deteriora com o tempo: não enruga, nem atrofia.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

AGENOR DE MIRANDA

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São 22h30. Ouço Cazuza. Sinto-me injustamente condenado à prisão. Sem revolta, sem perguntar-me o porquê. Plenamente resignado. Sabe aqueles momentos da vida em que percebemos que o único caminho é abraçar a cruz? O calvário é certo! O que mexe comigo são os encontros na via crucis: Cirineus, Verônicas, olhares de Pedros após a negação, mulheres chorosas, Marias em pé ante a madeiro...

Não estou triste, quiçá inquieto. O desafio de estar à frente, ser líder, é enorme. Cada decisão é de risco vital e, por isso, causa temor verdadeiro, medo! Não se poder ceder aos próprios caprichos, nem aos de outrem. É mister ser humano, sensível, presente, e a um só e mesmo tempo, é imprescindível ter pulso, coerência e autoridade. Entre tantos deveres, como sanar as carências da gente? Alguém tem a resposta?

Minha crise é o tempo. Tanto há para se fazer e o dia só tem 24 ligeiras horas! Os minutos vão se passando, os compromissos se aproximando. E estes se mostram tão maiores que a gente. Elefantes ameaçando formigas. Sobrevivemos pela misericórdia de Deus! Uma misericórdia que, humanamente, sou incapaz de entender.

Querido leitor, minha condenação é sua também. Estamos aguilhoados à vida, vocação primeira. A maioria de nós sofre por querer compreensão. Receiamos o erro e custamos a admiti-lo. Tememos as dores escondidas no amanhã! Como dar conta disso tudo? Sei não! Que Deus nos faça fortes ante as sedutoras tentações diárias e ante as provações que nos forçam à desistência. Amém.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

JOVENS TARDES DE DOMINGO

eNTÃO...

São 20h51. Ouço o volume Eyshila, da coleção "Falando de Amor". Mato a fome com pão e suco de goiaba. Amanhã é o primeiro dia útil do ano. Creio que as placas de Colombo e Cascavel que vi na cidade não estejam mais aqui.

Fico pensando em como a vida espalha a gente. Tenho colegas de infância pelo mundo a fora. O mesmo digo de colegas de ginásio e colegial, colegas de trabalho e de Igreja também. De quando em quando aparece alguém no orkut e reminiscências na alma. Surge, então, aquela tentação de achar a vida triste, pois as pessoas vêm e vão, restando-nos apenas lembranças.

Fato é que a tristeza tem nada com isso. Estamos caminhando, crescendo na vida. Não me refiro ao crescer ascensional da cultura neo-liberal. Falo de lançarmo-nos para o novo. É arriscado, exige renúncias, dá medo! Mas é viver. Atrevo-me a afirmar que é melhor do que a estagnação. O marasmo de um dia-a-dia sempre igual talvez seja o inferno!

Quando me abraça a saudade, sei que alguém me fez bem e sinto gratidão. Quando me rondam o temor e a incerteza, confio na Providência e busco a sabedoria do Espírito Santo. Quando olho para trás vejo "velhos tempos, belos dias", e anseio por novos dias em belos tempos.

Querido leitor, confesso que, tímido, deixei para trás muitas oportunidades. Hoje, pela graça de Deus, com meu jeito discreto de ser, desejo viver, apenas e intensamente viver!

sábado, 1 de janeiro de 2011

BEM MAIS PRECIOSO

eNTÃO... 

São 16h26. Ouço Nana Caymmi. O 1º dia do ano está ótimo. Assisti a um casamento. Emocionei-me!

Juntos 17 anos, hoje os noivos celebraram o matrimônio. Lágrimas quase me vieram. "Como seria viver tanto tempo sem comungar?". Não os julgo. Eles sabem o porquê  de não sacramentalizar sua situação antes.

Vi, porém, no olhar dos cônjuges a alegria de ter Cristo sacramentado em si. Isso foi forte! Um verdadeiro redespertar para a grandeza e santidade desse sacramento tão vital para cada cristão católico. As palavras "fonte e ápice da vida da Igreja" aplicaram-se mais que poeticamente, pois deram voz a um sentimento que só quem crê consegue sentir.
 
Eucaristia é "ação de graças" de um povo que se reconhece criado, redimido e santificado por seu Deus que é Pai e Filho e Espírito Santo. É resposta humana à doação que Deus faz de si mesmo pela remissão dos pecados de seus filhos. Eucaristia é Deus feito pão alimentando a humanidade.

Belas definições, mas incapazes de expressar o sentir de, com fé e devoção, receber a comunhão. Ela cura, liberta, salva, revigora, reanima, fortalece, mantem a esperança e materializa a caridade.

Oxalá ninguém se distancie dessa graça! Seja, cada comunidade: acolhedora, evangelizadora e catequizadora. Que os comungantes tornem-se sinal, e a Igreja atraia por seu testemunho de comunhão. Cristo seja tudo em todos, amém!