terça-feira, 26 de maio de 2015

NASCIDOS E RENASCIDOS DA GRAÇA

eNTÃO...

"Não desista do amor" e "Filhos do céu", músicas indispensáveis na minha história. Não só pela beleza do que dizem ou pelo respeito que devo ao interprete, mas também porque representam um encontro musical muito especial. O encontro de um padre recém ordenado, inexperiente e inseguro musicalmente com um grupo formado nas capelas de vilas, tarimbado nos GO's da vida, e humildemente disponível para a missão.

Qualidade vocal, técnica instrumental, presença de palco, talvez tudo isso nos faltasse. Sem melindres, autopiedades ou falsas modéstias, penso que ainda não tenhamos muito destes atributos humanos tão valorizados ultimamente. Não nos faltava, entretanto, a consciência de que, apesar de nossos limites e também das limitações do meio comunitário em que convivíamos, precisávamos servir.

Jamais negaria que toda a movimentação daqueles meses nos envaidecesse de alguma forma. Somos seres humanos! Mas a precisão do serviço se fortalecia pelo desejo de agradar aquele a quem amamos: Jesus Cristo. Essa era a maior motivação. Por isso, mesmo em meio a doenças, dores, decepções e tantas outras dificuldades, estamos por aqui ainda. Geograficamente, distantes. Todavia, unidos no mesmo ideal de outrora.

Suspeito que esse texto não esteja dizendo o que eu realmente gostaria de escrever. Paciência. Que fazer? Fico lembrando e relembrando fatos passados. Ouso afirmar que não por nostalgia, mas por gratidão. Nunca mais cantamos juntos. A fase musical passou. Algo melhor ficou: carinho, respeito, confiança, irmandade... A Graça nos une.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

BALBURDIAS

eNTÃO...

Estamos na antevéspera de Pentecostes. Durante esta semana fomos motivados a rezar pela unidade dos cristãos. O ideal almejado com tais orações é belo: católicos e protestantes vivendo e convivendo em harmonia, sabendo valorizar o que une através dos pontos comuns e buscando dialogar as diferenças. 

Acredito nesta utopia, como em muitas outras. E já vi muitos passos dados neste caminho frutificarem. Incomoda-me, confesso, pensar no quanto estamos longe da realização de tal projeto. E desabafo esta minha consciência a partir dos inúmeros desencontros internos visto, enfrentados, superados a cada dia.

Embora suspeite, não posso mencionar atritos internos de outras confissões cristãs, por desconhecê-los. Até poderia, mas não devo, mencionar os embates conhecidos no âmago de minha Igreja. E o mais importante deste texto, na verdade, nem é contar histórias, pois cada ledor deve conhecer algumas. O objetivo é manifestar a triste realidade de tão grande falta de conversão presente na vida das comunidades.

Longe de mim acusar ou menosprezar qualquer fiel. Só me incomoda perceber que dois milênios depois, ainda agimos como os apóstolos que queriam estabelecer o maior entre eles, e definir quem se sentaria à direita do trono do Senhor. Para eles a resposta vital de Jesus foi: dediquem-se a servir, sem se preocuparem com retribuições de qualquer espécie.

Não, não quero fazer parecer que as comunidades estejam perdidas, ou seguindo por rumos díspares do itinerário estabelecido por Jesus. Quero apenas destacar que o vôo poderia ter menos turbulências se nos focássemos melhor no Reino de Deus e pudêssemos nos desapegar um pouco mais de nós mesmos.

Deus nos ajude. Amém.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

CRISES: RISCO OU OPORTUNIDADE ???

eNTÃO...

Sem parar, no MediaPlayer: "Aquela dos 30". Desde a primeira vez que a ouvi, alguns anos atrás, confesso ter-me identificado. Ter os pés no chão, às vezes, incomoda. Em certos momentos parece tentador poder estar com a cabeça nas nuvens. Isso, no entanto, já não me pertence há pelo menos uma dezena de primaveras.

É, esse papaguear todo pra dizer que reconheço estar envelhecendo. O vigor de outrora se foi, embora ainda me acompanhe considerável vitalidade. Mesmo perfeitamente saudável, percebo que a saúde amadureceu na mesma proporção que eu. Nem escuto mais "como é novo" quando digo minha idade.

É natural que as coisas estejam como estão. Longe de mim reclamar da idade que tenho ou da vida que vivi durante este tempo. No tocante a isso, só posso agradecer. Contudo, amiúde me flagro pensando na vida que não vivi durante este tempo. Devaneio pensando no mar de possibilidades que em mim morreram sem chance de ressurreição. E essa é a grande loucura desta fase... Saber-me onde realmente creio ser meu lugar, mas, simultaneamente, fantasiar-me alhures, em ene desenrolares diferentes.

Pois é... Talvez quisesse estar escrevendo algo mais instrutivo. Tomara, queridos ledores, tal momento seja apenas meu. Mas se for também de algum de vocês, Deus nos dê a graça de não ficarmos nas inquietações da menina mimada, mas nos encontremos na convicção poética e decisiva dos compositores Carlos Rennó e Lokua Kanza, em versos tão belamente interpretados por Ney Matogrosso.




segunda-feira, 18 de maio de 2015

CAMINHOS, ROTAS, DESTINOS...

eNTÃO...

Em 2010, quando morei em Bandeirantes, compus "Intempéries". Essa canção simples acabou se tornando uma de minhas pseudo-poesias mais queridas. Hoje, mais do que nunca, percebo o quanto uma escolha pode ditar mudanças radicais na vida da gente. E cada minuto vivido, seja no auge da movimentação ou no marasmo do fazer nada, é indispensavelmente importante e, por si só, precioso.


Relações pessoais se estabelecem a cada dia. Isso faz com que a experiência de partir e de retornar ganhe nuances de dor e de prazer, de alegria e de tristeza, sempre interconectadas, todavia, não amiúde, mal dosadas. E como lidar com isso tudo? Prosseguir supõe deixar algo ou alguém para trás. Não prosseguir é sinônimo de ver algo ou alguém nos deixar para trás. Ter consciência disso tudo pode serenizar os sentimentos, mas não resolve as lacunas que vez por outra se abrem em nossa alma.


Que solução então apresentar? Caio em lugar comum ao afirmar o que já tantas outras vezes disse. Só nos resta aproveitar o máximo e positivamente as presenças que estão por aqui agora. Quando tais presenças se tornarem ausências, porque esse é final natural de todas as inter-relações físicas... quando o não-estar ou o não-ser se impuser, que as memórias e saudades se tornem fraternas companheiras de viagem, e que a sensação de ter perdido, ter passado, ter envelhecido, não sobrepuje o gozo de ter vivido, de ter estado, de ter sido o que se foi.


Para o cristão, mais que um consolo, uma esperança, na fé que jamais decepciona: o ponto final definitivo não é término, mas é chegada; não é despedida, mas é encontro; não é aniquilação, mas re-criação. A aterrissagem se dá no aeroporto do céu, e quem nos espera é Deus.


Para quem não conhece "Intempéries", segue abaixo o link.

https://www.youtube.com/watch?v=fbPffxiJ5kY