quarta-feira, 30 de setembro de 2015

MENTIRAS

eNTÃO...

A verdade há? Certas horas desconfio que não. Algo tão sincero agora, minutos depois se mostra irreal.E então me pergunto se a vericidade nunca foi ou se em algum momento deixou de ser. Não tenho respostas.

Talvez tais experiências sejam frutos da constatação de que tudo que nos certa é efêmero, inclusive as relações humanas. De ontem pra hoje, gostares se esvaziam em silêncio e solidão, conquistas tão almejadas perdem o brilho, esperanças se apagam, e novos brotos de vida, pessoas desconhecidas, e inéditas sementes inter-relacionais surgem, oferecendo rumos inéditos que podem ou não ser seguidos.

Nosso tempo, tão raro e precioso, amiúde é desperdiçado, e quando nos damos conta, o que há de mais verdadeiro ficou pra trás. Cruel perceber que carregamos conosco sérias mentiras. Pior é ser forçado a admitir que ninguém no-las contou. Nós mesmos as criamos, investimos energia nelas, para, mais adiante, vê-las tombar por falta de alicerces sólidos.

Que fazer? Desesperar? Claro que não, ledores. Insistir em viver é a decisão a ser tomada. Assumir os riscos e as consequências das escolhas realizadas é o mínimo que se espera de alguém com nobreza de alma e vergonha na cara. E se algo vai desvelar-se fugaz e falso amanhã, que pelo menos hoje, seja veraz em nós, para que, ao menos nós, não sejamos mentirosos, enganadores, falsos.

Deus tenha misericórdia. Amém.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

COMPREENSÕES E EMPATIAS

eNTÃO...

Certa vez ouvi e desde então passei a repetir: somente um pertencente ao grupo pode compreender um membro do grupo. O tempo tem me mostrado que isso é muito verdadeiro. Claro que, respeitando algumas devidas exceções.

O que quero dizer com isso? Somente um professor em sala de aula consegue entender as alegrias e tristeza de ser professor em sala de aula. Somente um vendedor ambulante pode compreender com alguma perfeição os gozos e agruras de passar pelas ruas gritando o nome de seu produto. Sim,  um professor que passou a vida inteira em secretarias e direções não sabe o que é dar aula. Pode ter muitas teorias, falar bastante e bonito, todavia nem sempre com muita acertabilidade.

É muito fácil teorizar sobre aquilo que se pensa conhecer. Mas calçar nossos sapatos não é pra qualquer um. E por "nossos sapatos" não falo exclusivamente sobre minha vida sacerdotal, mas me refiro também à sua vida, querido ledor. Ela é única, é sua, e nem todas as pessoas são capazes de compreendê-la.

Diante das incompreensões é necessário que nos compreendamos a nós mesmos, que saibamos nossas reais motivações e ajamos com sinceridade de coração. Diante da falta de empatia, um bom diálogo e veracidade de atitudes podem construir muitas pontes.

É tão bom sentir-se compreendido! Tão bom quando alguém se nos torna empático. Suspeitar que nosso mundo interior, embora inteiramente nosso, pode fazer parte do outro traz certa serenidade, pois nos tira da solidão de nós mesmos, e nos remete à certeza de que misteriosamente podemos ser acolhidos, respeitados e amados.

Assim desejo que, ao menos nos grupos dos quais fazemos parte, entre as pessoas com as quais vivemos e convivemos, tais níveis de relação humana jamais sejam utopias, mas sim degraus que pouco a pouco nos elevam ao céu. Amém.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

PONTO DE VISTA OU PONTO CEGO ???

eNTÃO...



Estava eu há dez metro de altura, num andaime de construção, fazendo selfies. Não resisti a registrar essa imagem: a lateral de casa e a oficina nos fundos do quintal. Visto do alto, esse lugar parece outro. As árvores, do chão, não parecem tão verdes e tão copadas. E a residência, alta vista de baixo, parece pequenina quando olhada de cima. A beleza depende do ponto a partir do qual foca nossa vista?

Fico refletindo sobre como a realidade pode ser relativa. O que uns vêm como lindo, outros simplesmente abominam. O maior sonho de consumo de alguém pode significar nada para outrem. O que me contenta pode ser pouquíssimo para vocês, ledores. E a vida é assim! Isso me remete para aquelas discussões das aulas de filosofia: "será que o verde que vejo tem o mesmo tom do verde visto pela pessoa a meu lado?". Talvez não. Paciência.

Pior é reconhecer que algumas realidades são simplesmente invisíveis para alguns. E por mais que se explique, mostre, ou desenho, há quem seja incapaz de compreender. Suspeito tratarem-se das chamadas "ignorâncias invencíveis" de que nos escreveu São João Paulo II. "Ponto cego" é, também, uma expressão para nomear tal qualidade humana.

O ponto cego é aquela região do carro que os retrovisores não mostram, ou aquela dimensão da rua que a estrutura do veículo não deixa ver. Por causa destes pontos cegos muitos acidentes acontecem. E não podemos negar carregarmos conosco alguns, quando não muitos, pontos cegos.

Ledores, sejamos sinceros. Há o que não conseguimos entender e aceitar. E há também o que, definitivamente, não queremos aceitar ou compreender. Nem sei o que é pior: a incapacidade ou a negação. Na verdade, ambas são limitações de nossa alma. Todavia, enquanto uma é um limite, por ventura, inato, a outra é pura obstinação. 

Fico pensando nessas ignorâncias invencíveis e tentando encontrar as minhas. A Amazônia me ajudou nisso. Amém. Aleluia. Oxalá consiga encontrar alguma própria vencibilidade nessas invencíveis situações e, a partir delas, melhorar alguma coisa no automóvel que sou eu.

Deus nos ajude a todos. Bjs.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

SANGUE DE BARATA

eNTÃO...

Ontem fez um ano que deixei Eirunepé. Ledores, essa data estará gravada em minha memória ainda por algum tempo, mas depois, creio que a esquecerei.

Qual seu significado? Nem sei se consigo explicar. Mas penso minha vida estar marcada de muitas formas pelos dias vividos lá. Quero citar apenas três. Vamos lá...

Na primeira tem destaque a experiência do limite. Não consegui permanecer por lá durante o tempo que se havia predeterminado. E minha desistência faz-me sentir o sabor da derrota. 

Na segunda tem destaque a experiência da coerência. Permanecer lá seria apostar no exercício de um ministério sacerdotal incoerente com o ministério buscado por mim. E isso me mataria aos poucos.

Na terceira forma a citar tem destaque a experiência de fraternidade. Talvez, cinquenta dias em que lá estive, fiz mais contatos fraternos que em seis meses em Guajará. E de algumas almas boas, companhias musicais, jovens liturgistas, agentes de pastoral carcerária, preciso admitir sentir certa inquietação ao refletir sobre o que poderíamos ter feito juntos se eu tivesse ficado.

Perdão, ledores, por ficar contando fatos desinteressantes. O melhor é fazer reflexão. Vamos tentar então.

Na vida, desencontros podem ser fonte de bons encontros. Tudo o que  me levava a crer ser minha presença em Eirunepé desconforme a meu projeto de vida levou-me a rever tal projeto e a firmar o que me realmente era importante dele. Redescobri a mim mesmo, a minha vocação, ao caminho que naquele momento eu precisava trilhar. Essas coisas me levaram a Marechal Thaumaturgo. E disto não me arrependo.

Admito, todavia, que os dias que precederam e que sucederam à decisão de pedir pra sair foram sofridos. Dói reconhecer não ser a pessoa certa. Surpreendi-me e magoei-me com o jeito de o pedido ser, a princípio, rejeitado. Triste e solitária foi a saída. 

Mas hoje, um ano depois, recordo-me sem abatimento. Passou. Acabou. Sobrevivi, graças a Deus. E algumas coisas aprendi. Eis o mais importante, de alguma misteriosa forma, cresci.

Não lhes desejo, ledores, crises, sofrimentos, decisões difíceis a tomar. No entanto, se um dia tiverem de enfrentar tais situações, que lhes sirvam de aprimoramento humano, e os leve à santidade. Amém.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

DESAFINADO

eNTÃO...

A história diz que Tom demorou pra convencer João a gravar Desafinado.Isso porque o cantor temia que se acreditasse ter ele realmente desafinado. Seria até assustador, o intérprete que primava pelos vibratos precisos, pela qualidade no tom, pela melodia perfeita, perdendo a nota e fugindo do tom.

Crônicas à parte, têm me chamado a atenção o fato de que alguns cantores, nas missas, semitonam o tempo todo. Aqui vale afirmar e confirmar que isso não me incomoda. Pelo contrário, estou tentado a dizer que seja quase um estilo de tais pessoas. É a forma como sabem cantar. Ademais, o povo não reclama. Por vezes até elogia.

Vou além em meu comentário desproposital. Tenho a impressão que tais voluntários, mesmo não sendo os melhores cantores, são disponíveis, cheios de boa vontade, desprovidos de estrelismos, e, com sua voz, sustenido acima ou bemol abaixo do que deveria, louvam a Deus com a alma, e tocam o coração de muitas pessoas.

Não quero aqui fazer apologia ao descaso musical e menos ainda menosprezar o aprimoramento melódio, seja de instrumentistas ou de vocalistas. Quem me conhece sabe o quanto prezo pela qualidade musical. Pretendo apenas ressaltar que o mais importante, quando se trata de canto religioso, é a unção. E esta é rara em pessoas cheias de si. Só prega, ou canta, ou toca, na força do Espírito, aquele que admite sua limitação, que pode não ser musical, e se deixa preencher de Deus.

No mais, gosto muito da poesia, quando diz, "o que você não sabe, nem se quer pressente, é que os desafinados também têm um coração ". Sejamos ases das notas ou principiantes nos sons, que Deus nos dê um bom coração em tudo o que fizermos. E claro que essa prece não serve apenas para os envolvidos com o meio musical. Bjs, ledores.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

INCERTEZAS E EXATIDÕES

eNTÃO...

Diz a canção "o futuro pertence a quem menos esperar, normalmente a sorte está com quem não se dá nem conta".

Ledores, é estranho pensar no mistério da sobrevivência. Às vezes tenho a sensação de vivermos num grande reality show. Com a diferença de que não há um último concorrente que se tornará o grande vitorioso. No Big Brother da vida, todos, em algum momento, serão eliminados. Isso é fato. Mas não quero versar sobre a morte, e sim fazer pensar nas naturais eliminações que cotidianamente nos cercam.

Um exemplo? Vou dar. Desconheço uma turma de estudos que comece e termine o curso sem ter baixas. Desconheço uma equipe de trabalho perene e sem transferências. Desconheço uma turma de formados que passe a vida toda na mesma profissão. Talvez existam, e eu seja néscio demais. Fato é que cada uma dessas baixas comparo a uma eliminação de caminho, uma mudança de rumo.

Creio que uma mística energia divina é que vai conduzindo esse "jogo". A condução leva a um único fim: a glória de Deus e o bem do homem. Tudo, o tempo todo, concorre para isso, exceto nossos pecados. Agora, quais seriam as razões pelas quais a gente ainda está onde está? Tantos colegas já tomaram novos itinerários, mas nós ainda estamos aqui...

A música afirma "tudo é incerto e por isso mesmo exato, tudo que for pra ser será". Então nos cabe esperar? Ou o melhor é se aventurar? Permanecer na comodidade do que se conhece e sentir-se seguro? Buscar o novo que está crescendo e se mostrando apetecível dentro de nós? Não, ledores, não tenho respostas, apenas perguntas. Todavia, em si, cada pergunta já é uma resposta!

Perdão, amigos e amigas, por questionar mais que afirmar. Um dia ainda aprendo a escrever melhorzinho. Só não desistam de mim antes disso. Abração.





quarta-feira, 16 de setembro de 2015

RUMOS, CANAIS, CAMINHOS...

eNTÃO...

Gosto dos versos "dizem que o amor a amizade estraga, e esta, a este, tira-lhe o vigor". Sei lá, essa música sempre me agradou. Ela tem uma sensualidade cândida, uma ironia doce, e uma declaração de amor sincera e sem lugar comum. Na voz da intérprete baiana, é perfeita.

Bem, ledores, confesso estar meio sem assunto. Acabei de chegar de uma comunidade ribeirinha, na foz do Rio Pixuna. Chamou-me a atenção o fato de os pescadores, olhando para a largueza do rio, conseguirem saber onde está o canal, ou seja, as águas mais profundas, o melhor caminho para seguir com os barcos maiores, sem risco de encalhar.

O que têm a ver os parágrafos anteriores? Talvez se refiram à alegria de conhecer a outrem: o rio, uma pessoa, ou qualquer coisa que seja. Saber os caminhos, os gostos, as alegrias e tristezas desse alguém. Poder percorrer com segurança os itinerários emocionais de uma relação afetiva, em que, apesar dos sobressaltos da vida, haja a certeza da perenidade. Distinguir os caminhos do amor dos da amizade, e pisar com firmeza nas trilhas de cada um deles.

Enfim, é possuir o conhecimento da vida que se tem. E minha afirmação pode parecer, como diz a canção, "caretice ou romantismo brega", mas traduz em palavras uma aflição humana que um dia há de sossegar: a do verdadeiro amor, a da certeza da direção, da tranquilidade de escolha, sei lá o que quero dizer, ou se digo alguma coisa. Paciência.

Beijo no coração de todos.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

SERES TUPY

eNTÃO...

Ainda semana passada, diante das labutas da vida, eu me incomodava. Primeiro, não temos dinheiro para o que queremos. Segundo, mesmo que tivéssemos, por aqui não há quem venda ou alugue o que queremos. Por fim, nossa cultura é tão oportunista que, se tivéssemos o dinheiro ou houvesse quem vendesse, ainda assim preferiríamos emprestar a possuir. E se quebrarmos ou danificarmos o objeto desejado, bem, que o dono se vire, afinal, o problema é dele.

Ledores, estariam aí três níveis diferentes de pobreza? A falta de dinheiro pode ser comum a todos os pobres. A escassez de oportunidade, não. Esta é geográfica, mais do que financeira. E, por fim, a má vontade, o pensamento tacanho, o oportunismo, a irresponsabilidade, nem geográfica e nem financeira, são na realidade pobreza mental. Gerada por longo período e por uma série de fatores, sem dúvida. Não raro, fonte que alimenta as demais pobrezas.

Não me atrevo aqui a fazer estudos sociais ou antropológicos. Nem tenho cabide pra isso. Reconheço, no entanto, minha indignação com tantas coisas que vejo, ouço, e suporto como sendo naturais, quando minha alma as rejeita, crendo firmemente na possibilidade de serem diferentes, melhores, qualificadas. Ao mesmo tempo, a autopiedade e a resignação, tão fortes em seu inconsciente entranhamento, cegam. 

Bem verdade existirem algumas porcentagens díspares deste triste diagnóstico. São o que parafraseio "resto de Israel". A esperança, a razão pela qual insistir, um motivo pra sonhar. Perdão, ledores, mas é apenas o que penso e sinto aqui e agora.

A música diz que "de Porto Alegre ao Acre, a pobreza só muda o sotaque". Já nem sei se posso concordar. Talvez um dia meu juízo sobre isso seja mais gabaritado. Por hora, Deus nos prive da pior de todas as pobreza, a de espírito.

Abraço.

domingo, 13 de setembro de 2015

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

ARREPENDIMENTO, MEDO OU ANSIEDADE ?

eNTÃO...


Av. Mâncio Lima - Cruzeiro do Sul. Fonte: http://www.agencia.ac.gov.br/noticias/acre/4-etapa-do-circuito-chico-mendes-de-corrida-de-rua-ser-em-cruzeiro-do-sul


Ainda essa semana caminhava por Cruzeiro do Sul. Encarava desconhecidos e lhes dizia "bom dia". Minhas costas, queimadas de sol, doendo com o peso da mochila. Ao longo da Avenida Mâncio Lima fui me lembrando da letra da música. "Caminhar pela cidade"; "Procurar amizade"; "Seguir a multidão". Não, ledores, eu não estava procurando amigos, estava pagando contas, kkkkk.

Acontece que naquele momento meu coração se via encolhidinho dentro do peito. O motivo do aperto? Talvez arrependimento. Talvez medo. Talvez ansiedade... Quem é que define a diferença desses sentimentos na hora em que, entre tantos devaneios, a única certeza tida é a de que o colo da mãe seria o melhor lugar para estar.

Ok, vamos sair do pessoal e ampliar a questão. Realizar-se exige arriscar-se. Experimentar, qualquer coisa que seja, cobra-nos deslocamento. Rarissimamente o objeto apetecido cai do céu no nosso colo. O comum é haja embates por ele. Nessa guerra, amiúde de nós com nós mesmos, machucamo-nos. Feridas necessárias para nosso desenvolvimento. Através delas aprendemos o que não repetir e em que investir. 

Nos altos e baixos dessa busca incessante pela experiência, pelo descerramento da fantasia para que se torne realidade, a felicidade pode ser sentida distante, devido aos sonhos que perecem nas guarras de derrotas inevitáveis. O melhor então é respirar fundo, silenciar o mundo e, mais do que a ele, silenciar a alma. Ouvir o silêncio e deixar que, baixando a poeira, a luz brilhe, as coisas tomem seu lugar e sua cor, para só então tocar pra frente. 

Palavras não voltam, rumos, no entanto, se modificam. Imagens quebradas jamais serão o que foram. Porém, após emendas e pinturas, creio que elas possam ficar ainda mais bonitas. Respeito e cuidado nunca prejudicam. Acolher o perdido, ainda que chagado, há de ser o remédio que lhe proporcione a possibilidade de uma nova vida. E que perdoe os nossos pecados. Amém.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

HISTÓRIAS COSIDAS

eNTÃO...

Marcos "Careca" lançando uma tarrafa. Um dia muito especial: meses atrás na cronologia; sempre hoje na memória do coração.
Ontem foi dia da Natividade de Nossa Senhora. Durante as celebrações eu falava em Deus que tece nossa história, emaranhando nossas vidas umas nas outras, fazendo com que no momento certo nos encontremos, promovamos o bem necessário à salvação um do outro e, por fim, se preciso for, sigamos cada qual seu rumo.

Na missa falei das tarrafas de linhas transparentes e finas, cujos nós, tecidos com destreza, são capazes de prender peixes grandes, pesados e fortes. Cheguei em casa e o computador sorteou justamente uma música que relembra a vocação dos primeiros apóstolos: pescar homens para o Reino de Deus.

Horas antes, dizia sem qualquer arrogância, mas verdadeira fé, que acredito: quando nascemos, passamos a integrar a construção da história de salvação de muitas pessoas, assim como tantas pessoas nos ajudaram e ajudam a construir nossa história de salvação.E tudo isso é por demais misterioso. É a providência divina.

Entre tantos versos marcantes, nesta música, os que mais me incomodam são "meu cansaço, que a outros descanse", "amor que almeja seguir amando". Findo o dia oito de setembro, escrevendo este texto e pedindo a Deus que eu não faça parte da história de perdição de ninguém. Que as redes humanas nas quais eu estiver sendo um pequeno nó, não cerceiem liberdades, não apaguem sonhos, não derrubem bons ideais, não perfurem as rotas que levam ao céu.

Ledores, os parágrafos parecem desconexos? Isso porque em vez de escrever algo novo, transcrevi as que fiz pregações do dia. Está valendo também! Deus nos dê a graça de nos encontrarmos com Ele que é a "ânsia eterna das (('nossas')) almas que esperam". E que cada uma das intersecções humanas em nossa histórias sejam uma força a mais para isso. Amém.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

LÁGRIMAS

eNTÃO...

O que pode se esconder sob as linhas que prendem palavras poética ou prosaicamente em nossos lábios? Estava amarrando os textos de preparação para o novenário de São Francisco, mas precisei parar e vir ao blog para escrever. Isso após ouvir, mais uma vez, os versos da canção que questiona "a quem devo gritar pra eu mesma escutar? pra quem devo dizer o que eu mesma escondi?".

Sim, ledores, tais perguntas me incomodam. Penso nas coisas que deixamos de dizer a nós mesmos. Penso nas coisas que escondemos de nós mesmos. Não, ledores, não estou doido. É verídico o que digo. Quantos sentimentos preferimos fingir que não temos? Quantos pensamento são-nos de tal forma escandalosos que preferimos duvidar que os tivemos? Arrisco-me a suspeitar ser enorme o porão em nossa alma, onde estão escondidas verdades essenciais para a libertação tão ansiada que move nossos ideais de felicidade.

É forte a letra ao reconhecer "sou amante das palavras, e feito a samarita, com meu poço já sem água". Creio não ser capaz de transformar em texto o que sinto quando ouço tais palavras tão belamente entranhadas na melodia. Encontro-me nelas, reconhecendo o amor que tenho pela comunicação, por falas bem colocadas, por frases bem escritas. Encontro-me nelas novamente, percebendo o quão aquém estou das expressões que procuro...

Amigos e amigas que dedicam seu tempo à leitura de minhas insanidades textuais, cuidado com os porões em sua alma. Prefiro acreditar que o que há neles é belo, e que, embora o mundo possa não estar preparado para conhecer, ao menos vocês mesmos devem ser corajosos o suficiente para encarar, digerir, integrar. Se não podemos expor tais riquezas à humanidade de nosso tempo, apresentemo-las a Deus. 

Seja o que for no recôndito de nós, é nosso, e só isso já faz único, raro, precioso. Feio ou bonito, aceitável ou não, admirável eu repugnante, é nosso! Temos de saber lidar, para sermos plenamente nós mesmos. 

Aff.... além de muito, escrevi nada com nada para hoje. Perdão! Perdão! Perdão. Como noutras vezes, prometo melhor no futuro. Beijos em seus corações.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

MUITA SORTE

eNTÃO...

A música diz "é na tempestade que a gente vê bem quem é quem". Sei lá, gosto deste verso. Verdadeiro. Mais adiante, a estrofe diz "eu tive morena que jurou amor eterno, no primeiro inverno, não quis ficar e voou". Fico pensando nas intempéries que a vida nos propõe. Isso quando não as impõe. 

Sim, a canoa que nos leva através dos dias pode, de repente, virar. Tomara que não nos afoguemos. Inevitável, porém, é tomar um pouco da água que nos cercar esta hora. Ela pode ser doce ou salgada. Límpida e transparente, ou escura e barrenta. Seja como for, gotas ou copos dela invadirão nossa garganta.

Ledores, claras minhas metáforas, não? Que alguma coisa aprendamos desses momentos. Tomara haver gente ao nosso lado. Quiçá tais pessoas provem conosco dos dissabores e compartilhem de nossas vitórias. Só assim é que relações humanas mais intensas e transcendentes integrarão de fato nossa existência e tornar-nos-ão mais e melhores humanos.

Se não nos ocorrer o episódio de boa e intensa parceria nas viradas de canoa que a vida nos proporcionar, valem os outros versos da canção que validam a superação das decepções, ao contrapor a que se foi, falando da que chegou depois "a vida virou e me trouxe outra morena, que valeu a pena, acabou meu dilema, mostrou verdadeiro amor".

Alguns males vêm para desvelar bens maiores.
Grande abraço.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

MÁSCARAS

eNTÃO...


É bem verdade que compus e gravei essa música há vários. Também é verdade que ela está quase sem produção. Mas a intenção era essa: que ela ficasse com cara de gravação caseira. Um dia hei de gravá-la com os recursos de áudio e as correções de letra que ela merece.

Quem conhece meu CD pode pensar "ele mudou de estilo!". Quem me conhece vai dizer "é bem a cara dele". Desculpem-me, ledores, por fantasiar as primeiras críticas que farão. Não consegui fugir disso.

Pergunto-me se apenas eu me incomodo com algumas das muitas incoerências que vejo por aí e também por aqui. Pior é quando a dubiedade parece tão arraigada na alma daquele que a produz, que revela-se natural, quase que parte integrante daquilo que a pessoa é. Intrigam-me pessoas dizendo o que não pensam, aplaudindo o que desprezam, assentindo para o que reprovam. E tudo mascarado pelo pseudo desejo de evitar o desgosto do outro.

Pior é que, em geral, o outro prefere assim. Viver na mentira é mais fácil que encarar a verdade. Acreditar no que apraz, mesmo que falacioso, concede ao dia a dia uma serenidade cômoda. Enfrentar a realidade ou as diferentes nuances que ela traz consigo exige comprometimento e conversão. Essas coisas doem. E nestes tempos em que o labor faz mal, melhor fugir de qualquer espécie de suador.

Não, ledores, não estou revoltado, nem brabo, nem desabafando. Se eu estivesse "puto" com alguma coisa, reconheceria. Estou apenas redigindo, com sinceridade, o que estou pensando agora. E que bom saber que vocês me entendem.

Grande abraço. Até breve. Fui.