segunda-feira, 29 de junho de 2015

AUTOCOMISERAÇÕES

eNTÃO...

Esses dias estive refletindo autopiedade, que me parece ser o sentimento de comiseração por si mesmo devido aos limites, erros e imperfeições próprios, então ambos podem ser desencadeados por uma mesma situação.

Sim... de repente vemos outrem, seja amigo ou não, conquistando coisas pelas quais lutou, e isso nos remete para um olhar mais focado em nós mesmos, que nos pode gerar alegria, inveja, autopiedade, ou mais. 

Bom seria se as conquistas alheias nos motivassem a buscar nossas próprias conquistas. Se elas nos fizessem entender que com determinação, foco, objetivo bem definido, podemos, se não chegar onde queremos, ao temos ter sentido na vida. Pior é imaginar que os autopiedosos, em geral, sofrem por se sentir incapazes, quando na verdade deveriam enfrentar sua preguiça, sair de sua inércia, e dedicarem-se mais e melhor a algo verdadeiramente produtivo.

Por fim, penso ser interessante lembrar que boa parte dos autopiedosos cegam-se, ou pelo menos fingem-se cegos, em relação às qualidades que lhes são inerentes. Outro erro fatal. Oxalá pudessem investir mais naquilo que os valoriza, elevando assim sua autoestima e aprendendo a portarem-se em comunidade como pessoas humildemente seguras e socialmente agradáveis.

Pois é, se me perguntardes, ledores, a razão pela qual escrevo tais insanidades hoje, só vos posso responder de uma forma: sinceramente, não sei.

Beijo no coração de todos.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

DOÇURAS DA INFÂNCIA

eNTÃO...




Recebi esta imagem dia 24, quarta passada, com a seguinte legenda: "capelinha de melão, é de São João, é de cravo é de rosa, é de manjericão". Diverti-me muito quando vi. Fez-me voltar à infância, às cantigas de roda, às brincadeiras na escola e aos amigos de ruas. 

Foi bom ser criança. Qualquer rima divertia. Mangas caídas da árvores se tornavam bois imaginários com palitos de fósforo usados, e a gente se tornava fazendeiro por consequência. Os trigais abrigavam nosso esconde esconde. Isso quando não arrancávamos a planta para garantir nosso campinho de futebol. Tecidos amarrados nas costas nos faziam "Superman" ou "Batman", às vezes, "Robin". Um pedaço de pau podia ser apontado para o céu enquanto se dizia "pelos poderes de Greyskull". As festinhas juninas eram ótimas: camisas xadrez, calças remendadas, dentes pintados de preto, chapéus de palha, muita pipoca...

Eita...  melhor parar com as lembranças, não?

Lembrar disso tudo é bom. Convence do quanto a felicidade depende muito mais de riquezas humanas que de riquezas materiais. Por riqueza humana digo alegria, imaginação, simplicidade, honestidade, inocência, e tudo o mais. Mesmo tendo quase nada, podia sonhar com quase tudo. Deve ser estranho ter tudo e, talvez, poder sonhar com nada.

Não, ledores, não quero fazer apologias de pobreza. Quero apenas partilhar meus sentimento atual de que a felicidade nos acompanha sempre, desde que tenhamos bom coração e alma pura.

Beijo no coração e todos.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

VOCAÇÃO

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A música diz: "Vocação, é deixar tudo tudo e partir. É tomar sua cruz e seguir na paz infinita de Cristo Jesus". A missa com essas crianças foi especial. A tônica vocacional, presente todo o tempo, fez com celebrássemos o amor de Deus e seu chamado misericordioso. Lançou-me, contudo, a experimentar mais uma vez a tensão da resposta humana.

Não escrevo apenas por mim, pois espero outras pessoas possam se encontrar nesta realidade. O chamado nos coloca, a princípio, diante de um grande ideal: servir a Deus, crendo em seu Reino, e nos dispondo ao necessário para que ele aconteça. O primeiro sentimento, geralmente, é medo. Um temor mesclado com alegria e surpresa. Estas, sem dúvida, pelo mesmo motivo: a inexplicável escolha feita pelo Senhor.

Ainda que o serviço seja simples, em algum momento, ver-nos-emos diante dos limites humanos, nossos e alheios. Não raro a sensação será de acuamento, de caminhar sobre cordas bambas. E o maior desafio será amar, amar sem limites, amar superando a si mesmo, abandonando os próprios orgulhos, para sair de si e ir, por meio da Igreja que intermedeia, ao encontro do Deus que chama.

Meu grande desejo agora é que a Mãe de Deus cuide da caminhada destas crianças. Que cada uma delas possa perseverar, superando os desafios e os limites que se lhes apresentarão. E cheguem, um dia, à glória do céu, com a certeza de terem colaborado com a edificação do Reino de Deus.

Quanto a nós outros, já cicatrizados das peias e laureados de conquistas, sejamos bons exemplos para os infantes que hão de se espelhar em gente tarimbada, experiente e de bom coração como eu e você. Por isso, assim sejamos nós, queridos ledores. Amém.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

ELES E ELAS

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Observando meus animais, algo me chamou a atenção. Os machos brigam pelas fêmeas e as fêmeas brigam por comida. Achei isso muito engraçado.

Sim. O galo é super educado. Quando há milho no terreiro, ele deixa as fêmeas e os pintos comerem à vontade e só depois mata a própria fome. Às vezes ele até chama as galinhas e os filhotes que estão longe para comerem antes dele. Não sei se todos os machos são assim, mas o meu é.

Já elas, se há milho, primeiro batem umas nas outras pra só depois comerem. Querem garantir que a comida seja toda delas. Muito esquisito...

Talvez o instinto do macho seja proteger seu galinheiro, e o das galinhas seja terem condições de botar e chocar com qualidade.

Fato é que, transpondo o mundo das aves e focando a sociedade humana, acabei pensando em como são diferentes os interesses de homens e mulheres.

No mundo animal, galo e galinha respeitam os limites e os anseios um do outro, e a "família" cresce com certa tranquilidade. Já entre nós, como é comum homens e mulheres cobrarem-se sem levar em consideração sua diferença de gênero.

Sim, não podemos comparar homens e aves... Desculpem minha ousadia, caros ledores, tomara resida em nossos lares a harmonia nas relações e o crescimento serenos de cada ente em todas as dimensões humanas. Amém.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

VILA KOSTKA

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Os oito dias passados em Vila Kostka em 2006 me vieram à mente no início desta semana. Por incrível que pareça, senti saudades. Cheguei lá meio inseguro quanto ao compromisso de manter absoluta quietude durante tanto tempo. Temia não conseguir e até duvidava que houvesse comprometimento profundo da maioria dos retirantes. Surpreendi-me. Centenas de pessoas, de diversos lugares do país estavam lá, com um único objetivo: encontrar-se com Deus através do silêncio.

Os dois primeiros dias foram difíceis. Por mais que minha boca estivesse fechada e meus ouvidos escutassem nada além do pio dos pássaros, minha mente estava abarrotada de sons, preocupações, anseios, pressas, dúvidas... No terceiro dia, porém, o calar-se exterior começou a impôr-se às balburdias interiores. Apenas uma voz permaneceu, a de Deus.

Confesso e não nego, redescobri nesta ocasião a importância do silêncio e a alegria de ter um orientador espiritual, alguém que nos conheça intimamente e que consiga se manter, na graça de Deus, inatingível pelas nossas misérias. No silêncio ouvimos a voz de Deus; nas direções espirituais, entendemos a mensagem transmitida pela fala divina. Tempos bons aqueles que não mais voltarão. Paciência, ledores... Paciência.

Por hora, vale falar menos e, com isso, incomodar menos. Na radicalidade de minhas buscas, alguns meses sem facebook e sem whatsapp acredito me farão muito bem. Que os amigos saibam me acolher quando eu voltar. E que quando eu voltar para estas mídias, se eu voltar para elas, meus amigos me encontrem melhor.

O blog continua
Beijos no corações de todos.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

JURUÁ

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Vista do Rio Juruá, de Guajará - Am.

O Rio Juruá se tornou parte importante da minha vida. Já não sei contar o número de pequenas viagens feitas através dele. Subindo ou descendo, no Acre ou no Amazonas, sempre dentro de pequenas canoas, encontrei-me com muita gente.

Povo simples: pescadores ou agricultores. Sempre nos receberam com boa vontade e alegria. Comi carnes exóticas, presenciei práticas que não imaginava ainda existir e, em diversas ocasiões, viajei no tempo, reencontrando costumes da minha infância. Dormi em redes, fui picado por mosquitos, tomei banho de rio. Vi botos, araras, veados, cobras, macacos... Aprendi novas palavras.

Bem, o efeito disso tudo em minha vida, só o tempo dirá. Ainda é cedo para emitir qualquer juízo com precisão. Não sei se sentirei saudades. Enfrentei medos, chorei, fiquei só em diversas situações. Reconheço que tais feitos não foram mérito da Amazônia, pois poderiam ocorrer em qualquer lugar. O que talvez não acontecesse em outro local é o encontro com uma natureza tão exuberante. 

A beleza e grandiosidade do Juruá me fascinam: o modo como dá caminho ao viajante que vai e que vem dos campos para as ruas; seu ritmo de encher e de vazar que oferece peixes e perigos; suas belas e produtivas praias de melancias; as grandes balsas e recreios que por suas águas transportam combustível, alimentos, veículos, mantimentos, e etc.

Por fim, deste tão comum e indispensável curso fluvial, ser-me-á inesquecível a pequena e movimentada Marechal Thaumaturgo, com seu povo acolhedor, sofrido e humilde. Não sei se os meses que lá vivi me são um sonho que parece realidade ou uma realidade que parece sonho. Calma, ledor, pois tal incerteza não significa que passei lá os melhores dias de minha vida. Significa sim, que ali passei alguns dos dias mais importantes de minha existência. Dias de renúncia, silêncio, isolamento, saudade, carência, decepções... Dias de fé.

Um dia, se Deus quiser, ele me explicará tudo. Por hora, a mim cabe contemplar, guardar no coração e na memória, e servir, conforme Ele quiser. Amém.






segunda-feira, 15 de junho de 2015

ELAS, AS CRIANÇAS

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Na manhã de sábado em que esta imagem foi registrada, meu coração estava apertadinho dentro do peito. Se os adolescentes vivem coisas simples como se fossem dilemas insolúveis, nós adultos conseguimos transformar coisas simples em dramas chorosos e doídos. Porque fazemos isso é que nem me atrevo a querer responder.

Fato é que encontrar essas crianças na praça, logo às oito da manhã, animados em sua bicicleta, ou encantados com as músicas religiosas tocadas em seu celular, me fez muito bem. Embora os bastidores eclesiais, dos quais eles também em breve farão parte, fosse tenso, nenhuma maldade lhes atingira ou modificara. Pelo contrário, estavam fazendo o que de melhor poderiam fazer, sonhando com os dias vindouros. Ansiando com uma vida cheia de vida, sorrindo com os sorriso futuros e se permitindo crescer, mesmo tão carregados de inocência.

Meu coração, depois de tão agradável companhia, aliviou-se.Percebi que apesar dos erros, meu caminho se confirma. Não consigo agradar a todos e nem acertar sempre. É impossível manter a paróquia em inabalável paz, pois como dizia um inesquecível professor "onde há homem, há pecado". Paciência.  Que o Espírito Santo nos dê sabedoria para gerar o mínimo número de equívocos possível. E Ele mesmo nos dê inteligência para saber lidar com as intempéries que surgem de tempos em tempos.

Por fim, que, na Igreja, as crianças encontrem e ocupem seu lugar como protagonistas da evangelização. Sejam acolhidas, respeitadas, valorizadas, pedagogicamente orientadas e protegidas dentro de nossas comunidades cristãs. Elas são um presente no presente e perdemos muito quando ignoramos esta verdade.

Deus nos abençoe a todos, adultos e crianças. amém.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

REPERCUSSÕES

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Uma palavra, uma atitude, um posicionamento e, de repente, alguns véus se rasgam e descobrimos, ou redescobrimos, o outro enquanto outro, e a surpresa toma conta de nós. Não somos donos de ninguém, e, às vezes, parece que nem de nós mesmos. Enganamo-nos quando caímos na tentação de crer na falácia da posse.

Crer, pensar, agir em desacordo das crenças, pensares e ações dos amigos é um risco muito grande. Isso põe os relacionamentos sob xeque. Destarte as consequências podem ser: uma boa e franca conversa; um pseudo-diálogo, onde a verdade se camufla atrás de orações de significado ambíguo; uma desnecessária discussão, cheia de acusações imaturas; um silêncio mentiroso que vele a mágoa e a incerteza; um falso sorriso onde se escondam as lâminas da ira e o sentimento de traição.

Beiro concluir que o homem é por natureza passional demais. Pior quando paixões se cruzam. Exemplifico: se gosto de A e de B, mas A e B não se gostam, como ficam nossas inter-relações? Como lidar com as cobranças vindas de ambos os lados, satisfazendo a ambos, sem auto-insatisfação? Não tenho respostas! Aceito sugestões, bibliografias, fontes que me auxiliem na solução de tal dúvida.

Aprendi da Moral Católica que a ação deve estar sempre concorde com a consciência daquele que age. É isso que legitima uma ação e faz com que o ator seja responsável e compromissado com ela. E este é o caminho que procuro seguir em minha vida. Nem sempre acerto, nem sempre erro, mas procuro decidir e agir consonante ao que considero verdadeiro.

Ledores, um beijo em seus corações.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

"AMDS"

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Nem sei bem sobre o que escrever hoje, queridos ledores, mas em respeito àqueles que esperam um texto, eis-me aqui frente ao computador. Há um ano comecei um projeto: escrever uma ficção. Quatro protagonistas e dois antagonistas envolvidos em uma trama por provar a veracidade de um fato triste e obnubilado por incertezas.

Há alguns meses escrevo nenhuma linha. Nem sei porque parei. Suspeito ter chegado a um momento em que decidir os rumos para cada um dos personagens é delicado e exige boa reflexão. Percebi que poderia me perder nos rumos da história e dei um tempo. Agora, no entanto, sinto a necessidade de tocar em frente o projeto.

Desde adolescente sinto o desejo de ter um livro escrito e publicado. Desde a oitava série professores me incentivam. Alguns ainda me cobram. Vez por outra amigos me sugerem algo assim. Temo que minha obra tenha nada a ver com o que esperam aqueles que creem na possibilidade de eu chegar a tal feito. E como jamais gosto do que faço, leio as poucas páginas já escritas e penso: "que legal, mas não é publicável, muito fraco".

Paciência. Em breve, hei de escrever novos capítulos. Que sejam emocionantes. Densos. E se encaminhem para um final semi-feliz. Um crítico leitor de meus antigos contos me disse: "sua histórias começam difíceis e depois ficam ainda mais difíceis, para só no final darem uma guinada". Nunca me esqueci disso. E também não consegui mudar esse estilo. O jeito da madeiro é o jeito da madeira.

Ledores, enrolei demais hoje com nada interessante, né? Vou tentar um texto mais legal para sexta, prometo. Beijo no coração de vocês. Fui.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

INDEPENDÊNCIA OU MORTE...

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Estive pensando, nesta última semana, sobre o quanto a independência de alguém pode incomodar a outrem. E confesso nunca ter atentado para isso. Parece-me arrogância demais uma pessoa se revoltar pelo simples fato de outra ser capaz de caminhar sozinha. Como entender alguém que fica em casa aguardando que outra lhe vá pedir um favor? Com entender alguém que ao perceber que a outra pode muito bem se virar sozinha, sem necessitar de seus favores, se encha de ira e sinta-se no direito de perseguir, difamar e ameaçar com vilania típica de novela das nove?

É, ledores, não consigo compreender! Suspeito de uma enorme carência afetiva. O indivíduo é tão inseguro que necessita reafirmar-se o tempo todo, parecendo indispensável para o bom funcionamento do mundo ao seu redor. Quando se aproxima da cruel verdade de que sua fantasia de protagonista da existência humana não é realidade, sente o chão sumir e precisa urgentemente vestir a máscara de vítima.

Gente vazia assim tenta, enlouquecidamente, disfarçar suas inseguranças fazendo sofrer. É triste que, mesmo conhecendo tão bem a Palavra e a Igreja, não se conscientizem de que o que realmente valora é a capacidade de servir com bom coração, sem outros interesses, sem a necessidade de holofotes, elogios e vanglórias. Acabam por perder a riqueza espiritual de tudo o que intentam fazer.

Que Deus nos prive desta gente. Digo mais: que Deus nos proteja de tornarmo-nos assim. Que jamais se esgote em nós a capacidade de ter bom coração e se servir com a alegria de servir, sem buscar loas ou outros pagamentos humanos. Amém. Amém.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

ANDREIA'S E EDILAINE'S

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No auge dos meus 36 anos tenho gasto certo tempo com nostalgia da adolescência. Tempos bons que não voltam! Amigos queridos, que só vejo em fotos do Facebook e muito raramente, povoam minhas lembranças. Entre as lembranças, reencontrei algumas fantasias de futuro que me acompanhavam, alguns amores possíveis e outros impossíveis que aceleravam meu coração e me faziam suar as mãos.

É. Sonhei me casar. Ter ao menos um filho. Buscá-lo na escola. Ajudá-lo com a matemática. Sonhei ter um carro. Ter uma casa melhor do que aquela em que morava. Nada disso aconteceu. Paciência. Isso é o de menos. O mais legal desses dias foi pensar nos romances platônicos que cultivei.

Escrevia longas novelas de cujos personagens principais levavam nossos nomes. Era um passa tempo legal. De vez em quando cogito a possibilidade de retomar uma dessa histórias e transformá-la em um livro de linguagem fácil e enredo realista. Só cogito...

Enfim... onde foram parar tais meninas? Como seria reencontrá-las e poder bater um papo, partilhar a vida, rememorar as peripécias de sala de aula? Perguntas difíceis de responder. Quiçá nunca encontrem solução.

Fato é que cada pessoa em nossa história acaba, querendo ou não, desempenhando um importante papel em nossa jornada de maturação humana. Recordar tais pessoas não me toca como querer voltar ao passado ou corrigir isso e aquilo, mas me toca como celebração de tudo o que vi, ouvi e vivi. São tantas emoções...



quarta-feira, 3 de junho de 2015

ALGEMAS INVISÍVEIS

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Segunda feira fui a Cruzeiro do Sul. Sempre que vou até lá, entro na cidade pelo mesmo e, aparentemente, único caminho. Acontece que desta vez, minha rota frequente estava interditada e vi-me obrigado a buscar uma via alternativa. Sim, isso é comum, mas me colocou em processo de reflexão. Fiquei pensando em quantas coisas só sei fazer de um jeito.

Vendo-me obrigado a seguir outra rota, sentimentos de insegurança, revolta, pressa brotaram naturalmente em minha alma. Ledores, nem preciso falar da insegurança, afinal, creio que a entenderão facilmente. A revolta, sem grande intensidade, explica-se na frase "mas tinha de proibir justo a entrada da cidade?". A pressa, neste caso, é o sentimento de haver o que fazer sem saber bem como o fazer.

O mais interessante é que, mesmo sem certeza das conversões a fazer, entrei tranquilamente na cidade, sem perder-se um segundo se quer. Já na hora de sair da cidade, seguro de estar trilhando o itinerário correto acabei me perdendo. Novamente os sentimentos de insegurança, revolta e pressa se manifestaram. A humanidade é mesmo um coisa de louco.

Mas enfim, queridos e fiéis ledores, peguei a "rodovia" para Guajará pensando nessas coisas. Às vezes, crentes de estarmos no rumo certo, acabamos gerando cada situação conflituosa, problemática e de difícil resolução. Noutras, inseguros e prudentes, findamos por apostar na melhor escolha. Claro que aqui já não falo da direção de um veículo, mas dos destinos da vida.

Concluí disso tudo: é sempre importante estar disposto a aprender novos caminhos. e jamais se deve deixar-se prender por costumes rígidos que nos levem a viver dependentes, seja do que for. Liberdade de nós mesmos, já. 

OBS.: É nada fácil, né?

segunda-feira, 1 de junho de 2015

ELES, OS ANIMAIS...

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Esse filhote apareceu misteriosamente na sacristia há uma semana. Coloquei-o no galinheiro para se acostumar conosco, todavia o pato adulto passou todos esses dias tentando invadir o local com um único intuito: matar o bichinho.

Quando finalmente soltei o pobrezinho no quintal, não deu outra: o patão o perseguiu e lhe deu uma grande sova. Então separamos o filhote em uma parte reservada do quintal. Como estivesse muito assustado, encontrou um meio de fugir e desapareceu. Talvez ainda reapareça, vamos aguardar. Fato é que apareceu do nada e desapareceu sei lá para onde.

Dessa história fiquei pensando: o que levou os patos adultos a perseguirem o filhotinho forasteiro? Confesso que mesmo antes de fazer qualquer pesquisa, raciocinei: nós humanos, que nos dizemos racionais, fazemos o mesmo e até pior às vezes. Como é comum vermos pessoas perseguindo outras pela simples razão traduzível nas frase "não fui com a cara dele(a)!".

Bem... Graças ao pecado acabamos aprendendo a nos ver como ameaças uns para os outros. Descobrimos a importância de marcar territórios e de pôr pra correr aqueles que invadem nossos espaços, sejam espaços físicos, geográficos, profissionais ou mesmo afetivos.

Tentei de muitas formas proteger o filhote e isolá-lo dos outros, mas ele insistia em voltar pra lá e depois corria desesperado para se esconder dos perseguidores. O que me remete à triste situação de tantas pessoas que, por mais que busquemos proteger, sempre acabam persistindo no caminho do sofrimento. E depois, sem entender a razão, vêem-se obrigados a "dormir em maus lençóis".

É. Esse tema poderia ir longe e a muitas conclusões chegar, findo apenas com uma certeza: talvez não estamos tão longe do reino animal quanto imaginamos.