quarta-feira, 29 de abril de 2020

ISOLAMENTO SOCIAL

eNTÃO...

"Vou não, quero não, minha mulher não deixa não!Perdão, não vou falar do covid-19.

Esses dias precisei fazer uma visita. Liguei. Avisei.Combinei. Fui. Nunca tinha estado naquela casa. Foi uma experiência muito boa de bate papo agradável com companhia fraterna.

Eu, todavia, não consigo abandonar minhas loucurações. Fiquei observando os muros altos, os enormes portões sem campainhas, a cerca elétrica de quatro fios. E, sim, ouvi latidos de cães. Neste momento me dei conta: minha máscara ficou em casa!

Ledores, neste tempo em que já não há esconderijos, afinal o "zap" incansavelmente nos põe em contato, como acessar quem não estiver sob a bandeira do online?

Senti o estranhamento de suspeitar que, na era das incontáveis e exageradas exposições em redes sociais, é na candura de um lar, fortemente vedado, que um número não pequeno de pessoas prefere se esconder.

Que os esconderijos nos protejam dos males que nos rondam, mas não nos privem de encontros verdadeiramente humanos.

Beijo no coração de todos.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

COMPROMISSO

eNTÃO...


Compus esta música há 11 anos, numa daquelas longas noites de insônia. Que eu saiba, a cantei apenas duas vezes com público. Ambas em Jacarezinho. Gosto dela!

Letra e melodia nasceram espontaneamente, sem recurso de instrumentação. Apenas uma melodia brotava do meu coração junto à letra que fervilhava em minha cabeça.

Duas expressões nela me incomodam. Confesso e não nego: questionei-me muito se deveria usá-las. Quais são? Ah, ledores, por que fazer perguntas difíceis? Entretanto, vamos lá: "muitas mentiras eu já ouvi" e "prazeres o homem me ofereceu".

Penso que seria necessário um capítulo inteiro para desvelar as entrelinhas da canção como um todo. Por isso destaco aqui apenas essas ideias: 

1) Vivemos rodeados de mentiras e, se nos deixarmos levar por elas, perdemos-nos do caminho da verdade, e isso pode conduzir-nos a uma grande tragédia.

2) Sobre os prazeres, todas as mentiras conduzem a algum prazer próximo e falso, que geralmente é superado com facilidade e deixa em seu lugar apenas um buraco doloroso e vazio.

Diante dessas indiscutíveis realidades, a música finda com o convite a recompromissar-se com a verdade que é Deus, única fonte de paz. Compromissado com o Senhor, o homem terá de superar limites continuamente até atingir seu fim, que não é a morte, é a eternidade.

Exagerei no tamanho do texto desta vez, não? Perdão ledores. Paciência com este simples homens que neste canto da casa expõe seu silêncio.

Beijos.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

ETERNA CRIANÇA

eNTÃO...

São 17h21. Estou ouvindo Nana Caymmi. Tenho mais de 6 horas de músicas dela no hd do note. Não sei se é muito. Sei que a voz dela me embriaga. Gostoso quando ela canta "no fundo é uma eterna criança". Ela fala do tempo, mas vou, pirracentamente, pensar em Peter Pan.

Quando petiz, admirava Peter Pan, não por ele ser sempre criança, mas por ele poder voar. Só depois de adulto entendi que ser sempre infante era o grande diferencial do personagem. Também depois de adulto notei o quanto a infinda infância do protagonista o mantinha irritante, inconsequente e egoísta. Engraçado como os heróis nunca são perfeitamente perfeitos.

Ledores, há adultos demais agindo como criança! Confesso e não nego, amiúde me pego imaginando a história de vida que forjou tais personalidades. Sim, devaneio em minhas loucurações.

Fato é que também tenho minhas criancices. E quem não as tem? Deus nos permita nenhuma reunião de adultos em crises de infantilidade. Barbados birrentos e grisalhos mimados em disputas pueris podem gerar uma desnecessária cena que, embora para os expectadores possa ser hilária, para os atores há de ser trágica e angustiante.

Grande abraço. Fui.