Ledores, voltei. Perdão pelo tempo de silêncio. Meados de janeiro, férias. Fim de janeiro, posse. Creio que já consiga postar semanalmente. Ouço agora alguns clássicos da Harpa Cristã na voz de J. Neto. Sim, são pérolas da música protestante. E daí, meus ouvidos não conseguem ser preconceituosos. Na verdade, eu não consigo.
Meu coração, confesso, está serenamente apertado. A razão? A de sempre: a vida. Num período de sessenta minutos, ministrei a unção a um senhor de 65 anos que descobriu hoje estar com câncer; chegando de lá, no celular a notícia do falecimento de alguém muito querido; visitando minhas sementeiras, percebi várias plantinhas brotando. E após regá-las, perguntei-me: como pude esquecer-me de ir cortar o cabelo? Aff... A questão real deveria ser: "como pude pensar em cortar o cabelo?".
Calma ledores. Já organizo os pensamentos e clarifico a temática. Vejam a sequência: a luta esperançosa de uma família, a tristeza de outra, e a vida ressuscitando do sepulcro da semente. O dia a dia nos impõe a desafiadora missão de sobreviver. Enquanto sobrevivemos, ao redor de nós, o mundo se renova, alguns movimentos cessam simultaneamente ao iniciar pueril de outros. O tempo segue e em inúmeras situações nas quais mal nos damos conta, podemos nos deixar seduzir por futilidades que cegam, prendem-nos em nós mesmos ao prenderem-nos a elas, impedindo-nos de ver, sentir, e andar pelas trilhas do que realmente é importante.
Não, ledores, cuidar da aparência não é em si futilidade. Fútil é não valorizarmos pessoas e momentos. Fútil é não sermos capazes de colocarmo-nos ao lado do outro, principalmente em suas angústias. Fútil é julgar o outro por nós mesmos, não respeitando suas fraquezas e limites por acreditarmos não as termos. Fútil é esquecer-se que no mundo da materialidade tudo passa, e por isso o eterno é a experiência, boa ou má, gravada na alma.
Enfim, depois de tantas emoções humanas, preocupar-se com canteiros e jardins? Poder-se-ia considerar futilidade. Todavia, ver os frágeis ramos irromperem a terra em busca do sol fez-me repousar a tristeza das experiências na certeza de que mais perto de Deus havemos de estar a cada instante. Que nas lágrimas e nos sorrisos da cotidianidade, a graça de Deus nos conduzam, providencialmente, pelas sendas da salvação à glória dos céus. Amém.
Em tempo, composta por volta de 1841, esta canção é sempre boa de ser ouvida.
E a vida segue assim, nos ladeando com futilidades e valores, como bem exposto em "60 minutos". E com a graça de Deus nossas fragilidades irrompam a aridez. Bom texto.
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