eNTÃO...
São 23h34. Ouço a cantora potiguá Roberta Sá. Sambista de primeira linha!
Que faço aqui? Boa pergunta. Cheguei esperando muitas emoções. Nem imaginei que a primeira seria tão indiferente à beleza do lugar. Enquanto aguardávamos a bagagem, percebi, ao meu lado, uma mãe e seu filho de, no máximo, seis anos. Pasmei. Ele estava usando o aparelho que, se eu tivesse usado com a idade dele, possivelmente, me teria privado de cirurgia.
Fiquei curioso por sondar como ele pensa aquele trambolho no rosto. Uma haste externa, ligada a sua testa e a seu queixo, e cujo centro se prende por elásticos à sua arcada dentária superior. Como deve incomodá-lo. Não só fisicamente, mas pela atenção que certamente atrai por onde passe.
Seria diferente minha história se, no passado, minha família possuísse dinheiro e cultura para me proporcionar algo semelhante? Nos padrões de minha época, claro! Sei lá... Não senti inveja nem dó, nem tristeza ou revolta. Queria conversar com aquela mulher. Conhecer aquele garoto. Falar das coisas que tenho vivido e que ele, felizmente, não há de viver. Talvez eles me contassem dissabores que também felizmente não vivi.
Limitei-me à quietude. Não era hora pra papo! Cada um tem seu caminho. O do menino é diferente do meu. Essa situação faz-nos reconhecer que cada experiência é única, porém nunca solitária. Um mesmo problema para pessoas diferentes. Sentimentos únicos, compreensão compartilhada. Desejo que aquela criança supere com a rapidez típida aos petizes sua dificuldade dentária. Quanto a mim, que eu supere também! Rsrsrsrs... Deus é bom demais.
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