quarta-feira, 28 de outubro de 2015

O MAIS BELO E O MELHOR DOS FARÓIS

eNTÃO...


Ontem amanheci desejoso de ouvir o Hino do Acre. E o fiz. Não sei a razão. Nunca sei, embora de alguma forma sempre saiba. Mas, ledores,  posso afirmar com convicção, o Acre existe. E não tem internet chegando por conexão a cipó. Menos ainda onças e jacarés passeando em praça pública.O que vejo por aqui é um povo simples que protagoniza uma saga de luta e de esperança.

Esperança por estradas que os liguem, primeiro entre si, mas também ao resto do país. Esperança por respeito e reconhecimento vindo dos outros Brasis. Esperança de que o progresso os alcance e lhes traga melhores condições de vida. Esperança de que seu jeito de ser e de viver seja visto não como arcaico ou rural, mas sim como sua idiossincrasia cultural própria.

E para sobreviver com dignidade esse povo luta contra as ameaças de sua incomparável e bela aliada, a floresta amazônica. Luta em seus roçados. Luta em suas casas de farinha. Luta com os motores que os ajudam a subir e descer os rios, ora cheios e ameaçando alagamentos, ora vazados e ameaçando encalhamentos. Sobretudo nos recônditos mais distantes, quase isolados, sem estradas, luta para existir, apesar dos poucos recursos médicos, da falta de medicamentos, e da desatenção dos governos instituídos.

Vejo por aqui essa gente que sabe sorrir, que sabe se divertir, que com pouco sabe ser feliz. Não são indígenas, embora muitos estejam por aqui. Não são cearenses, embora muitos de seus ancestrais tenham vindo do Ceará. São o que são, com a graça de Deus, acrianos. Por fim, creio que o astro, tinto no sangue dos heróis de outrora que com armas conquistaram esse território para a nação brasileira, refulge também do suor, da labuta, do olhar e dos sonhos daqueles ainda hoje defendem essa terra, essa cultura, essa gente, que é gente nossa.

Abraço, ledores.

Um comentário:

  1. Um texto tão bravio quanto nossa gente! Próprio dos que têm a coragem de aqui se achegar e tomar nosso chão e nossa gente como "seus", "fazer-se um de nós". Agradeço, padre Vagner, todo o respeito, sensibilidade e entrega ao nosso povo. Quiçá a "gente nobre" dos tantos "Brasis", desnuda-se-se de suas visões revestidas de preconceitos. Jamais teremos vergonha de mostrar quem somos, nossas raízes, um povo que conquistou seu território a duras penas, para se fazer brasileiro. Somos felizes por nosso bem maior e natural que o Criador nos aprouve, nossa floresta. Como bem disse, somos esperançosos de um progresso, e que o seja mais humano também. Sentir, entender, deslumbrar-se com nosso "jeito de ser", também precisa ser muito humano, como o senhor o é. Obrigada.

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