quarta-feira, 3 de setembro de 2014

UM ANO...

eNTÃO...

Hoje faz um ano que escrevi para Dom Antonio Braz mencionando meu desejo de mudar de paróquia e explicitando certo enamoro ao pedido da Diocese de Cruzeiro do Sul por ajuda missionária. Estive lendo o que escrevi naquela data e lembrando do contexto. Fazer memória nos deve ajudar a entender quem somos e como assim nos tornamos.

O ano de 2013 foi marcado por muitas desilusões, já desde janeiro. E muito do que eu considerava verdadeiro, revelou-se incerto. Descobri a fugacidade do respeito e do carinho nos quais acreditei e fiz a cruel experiência da solidão sacerdotal. Os que nos poderiam proteger cruzam os braços. Os que nos poderiam consolar não devem conhecer tais bastidores. E a nós, cristãos, com nossos limites, dores, fraquezas, nas mais difíceis horas de crise, cabe apenas um imperativo: amar!

E nasceu em mim a necessidade de sair de onde estava. O mais "doido" é que todas essas intempéries me fizeram olhar para o novo, para o inédito. O Acre não entrou na minha vida como uma rota de fuga, mas como uma oportunidade de me renovar, de me reencontrar com o ideal sacerdotal que cultivei por sete anos no seminário e de me reinventar como homem, como cristão e como padre. Eu tinha outras opções, paróquias na diocese ou próximas da diocese, todavia eu sonhava com a Amazônia, na qual displicentemente falava já um ano antes de tudo isso.

Eu queria servir. Queria ajudar a uma diocese que há anos nos pedia ajuda sem resposta positiva. Queria ir ao encontro de pessoas afastadas geograficamente da Igreja e dos sacramentos. Queria me desvincular um poucos dos apegos materiais que se haviam gerado em mim. Mas acima de tudo, queria fazer a vontade de Deus. E a certeza de que meu rumo em 2014 era o Acre foi tão intensa quando a certeza de que deveria deixar família e trabalho para ir pro seminário e ser padre.

Enfim... "Tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus" (Rm 8,28). A cada dia me convenço mais de que me era necessário partir. Se eu disser que me apaixonei pelo norte do Brasil, minto. Se eu disser que estou mal ou sofrendo aqui, também minto. A grande verdade é que Feijó e Eirunepé me fizeram bem! Pois de alguma misteriosa maneira meu coração está sendo remodelado.

Sou grato a Deus pela vida, vocação e experiência na Amazônia. Grato a Dom Antonio Braz pela compreensão e apoio; a Dom Mário Antonio pelos conselhos, amizade e incentivo; a Dom Fernando José Penteado que me ensinou muito de justiça, de preocupação social e trato com os pobres; a Dom Mosé pela atenção, pelo respeito, por me ouvir e entender. A vocês ledores, minha gratidão eterna, pois a grande maioria de vocês, antes de ledores, são amigos queridos.

Virgem, isso já está virando tratado. Ainda aprendo a falar pouco. Fui.

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