"Aqui no coração eu sei que vou morrer um pouco a cada dia"
Há feridas que não cicatrizam, enfermidades que não se curam, e dores que não passam. Transmite carência de fé tal afirmação? Quiçá. Só quem sofre conhece a dor, e ninguém mais. As palavras podem criar reciprocidade, aproximar, gerar compreensão. Todavia, o que está entranhado na carne da gente é só nosso. Tão nosso que não se pode exprimir com precisão.
E quando a vida se mostra esvair, não só no tempo, mas também no sangue que pulsa de dentro de nós, para tornar-se mancha preocupantemente desprezável, um choque de realidade impõe-se, por vezes conduzindo à lágrima, noutras à revolta, em alguns vergonha, noutros resignação. E onde buscar um esgar: na agonia ou na euforia? A canção elucida "se eu tentasse entender, por mais que eu me esforçasse, eu não conseguiria". Então, se dizer não resolve, melhor calar.
No entanto, uma abissal ironia se apresenta neste ínterim: calar também é comunicar! E destarte, esconder na transparência, ocultar em pleno dia, velar sob peneira, são missões cumpríveis por pouco tempo, em algum ínfimo e imprescindível milésimo de segundo, a verdade salta gritante de seu canto silente. E, seja longe ou seja perto, seja muito ou seja pouco, a algum lugar ela chega para algo deixar.
Sobre o que estou falando, ledores? Com sinceridade lhes respondo: nem sei, ó. Se entenderem, me expliquem. Se como eu, divagarem entre o emaranhado dosadamente misturado de termos usados neste texto, apenas reflitam e alguma luz se lhes mostrará. Um beijo no coração de todos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário