eNTÃO...
O tempo passa. Os filhos crescem e os pais "encolhem". Sim, quando eu fora pequeno, meus pais, grandes, fortes, gordos. Em meu mundo de fantasia, podiam tudo. Sabiam tudo.
Depois, cresci um pouquinho. Eles continuavam grandes, fortes, mas já não me pareciam saber tudo. Nalguns conflituosos momentos, acreditei saber bem mais que eles. Mais uns anos, o grande e o forte fizeram-se adjetivos meus. Para eles, frágeis, idosos, enfermos, magros. E relutantes em aceitar a verdade, pois mesmo me vendo homem feito, insistiam em me aconselhar, proteger, acarinhar.
Implacável, o tempo os levou. Justo, o tempo está me levando também. Ou melhor: ledores, o tempo está nos levando. Horas há em que já nem sei estar crescendo ou encolhendo. Se a mente e o espírito abrem asas em busca de vôos mais altos, o corpo já não tem a disposição de outrora. Os cabelos caem, a vista enfraquece e as pernas já não correm com tanta agilidade. E o tempo? Bem, ele continua indo, indo, indo...
Interessante é constatar que ele, o tempo, soberano destruidor do existente, é incapaz de tocar no sagrado plantado dentro de nós. Pode nos levar pai e mãe, mas não apaga o que eles nos ensinaram. Algoz perseguidor de tudo o que é novo, o tempo nos envelhece, sem demolir os valores, as alegrias, e as certezas que a tenra idade construiu dentro de nós.
E com o suceder dos meses, clarifica-se a certeza de que não raras vezes, quando cri saber mais que meus pais, estive errado. Pois as letras nos livros nunca terão: a peso da experiência e o concentrado do amor que só quer amparar, favorecer, ajudar e desenvolver.
O amor amadurece sem apodrecer. O amor nos amadurece sem nos envelhecer.
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