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O carro quebrar pela terceira vez em dois meses foi um mal sinal. Voltar pra casa de ônibus fez-se necessário novamente. Impagável, porém, a experiência de ouvir durante tanto tempo as histórias contadas por aquele paraense tão simpático. E eu nem imaginava que ele me conhecesse. Dois teores da conversa me chamaram a atenção.
Primeiro a grande diversidade cultural existente no país. Ele falava do Pará, de Roraima e de Manaus. E eu viajava em pensamentos na ânsia insana de um dia poder conhecer todos os estados brasileiros. Dialogar com seus povos. Conhecer suas realidades. Desvelar suas riquezas. Encantar-me com seus valores. Conviver com seus limites. Aceitar as diferenças. Assustar-me com possíveis contra-valores.
Em segundo lugar, sensibilizou-me o modo corajoso como encarava a vida e sonhava com a superação dos desafios impostos àquele que acaba de chegar com esposa e filho pequeno a uma nova região, sem ter parentes, sem ter trabalho, sem ter recursos. Tocou-me a alma ouvi-lo descrever a infância, tão parecida com a minha e a forma como em todas as situações procurou servir a Deus de bom coração.
Por fim, o mais gostoso de tudo, poder dizer-lhe que as portas da Igreja estão abertas e que dependendo da disponibilidade dele, ao menos leituras nas missas vamos providenciar para que faça. Isso me lembrou de outro paraense que interrompeu meus serviços de jardineiro, em Jacarezinho, para dizer que, recém chegado ao Pará, desejava participar da comunidade.
Assim é a vida, vamos acolhendo o quanto pudermos. É tão melhor assim. Difícil compreender uma comunidade que se fecha em panelas, que absolutiza a liderança, e que sente prazer em dizer que há décadas as coisas são como são. Judas mal morrera e já os apóstolos elegeram Matias. Doze foram os primeiros, hoje existem milhares espalhados pelo mundo. Enfim, abrir portas me parece o caminho. É certo que nem sempre conseguimos dizer "sim", mas que o façamos o máximo possível.
Ledores, beijo no coração de vocês.
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