"Meu coração, a calma de um mar que guarda tamanhos segredos de versos naufragados e sem tempo".
Nada sei explicar sobre os motivos que me remetem a esta canção. O que me é certo: acordei com ela martelando minha memória. Imaginei um veleiro disponível para o percurso que eu quisesse fazer. Só bastava adentrá-lo e decidir o sentido para qual o ar deveria se mover. Vento e embarcação respeitariam obedientemente a minha vontade. Para onde ir? Para dentro de mim mesmo?
Bom seria seguir tal itinerário convicto de encontrar no ponto de chegada a serenidade de uma alma realizada consigo mesma e a tranquilidade de uma vida sem guerras, sem despojos, sem traumas ainda por curar. Concretizar-se-ia a utopia não impossível de descobrir-se, amar-se na totalidade, e convencer-se de uma história repleta de sentido, conduzida por um poder superior não déspota, mas transbordante de respeito e boa vontade.
Ali, os segredos já não seriam mais o que são, e os mistérios, ainda não elucidados, mostrar-se-iam transparentes como é a felicidade reluzindo num olhar. A paz simplesmente reinaria e nada mais se imporia necessário. E mesmo sós, perceber-nos-íamos acompanhados do afeto de tantos amantes e amados em nossa história. Cientes da gratuidade presente nos primórdios do nosso devir, alimentar-nos-íamos da gratidão em constante e perpétua erupção dentro de nós. Erros e acertos ver-se-iam no mesmo rol das braçadas desejosas do porto seguro para o qual se partiu em viagem.
Solidão não seria solidão. E companhia não seria ter-se ao lado. Já a vida seria vida, na plenitude daquilo que é por si em Deus.
Ledores, exagerei no uso de mesóclises, né? Por favor, torçam para que um dia eu aprenda a escrever. Grande abraço.
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