quarta-feira, 17 de junho de 2015

JURUÁ

eNTÃO...


Vista do Rio Juruá, de Guajará - Am.

O Rio Juruá se tornou parte importante da minha vida. Já não sei contar o número de pequenas viagens feitas através dele. Subindo ou descendo, no Acre ou no Amazonas, sempre dentro de pequenas canoas, encontrei-me com muita gente.

Povo simples: pescadores ou agricultores. Sempre nos receberam com boa vontade e alegria. Comi carnes exóticas, presenciei práticas que não imaginava ainda existir e, em diversas ocasiões, viajei no tempo, reencontrando costumes da minha infância. Dormi em redes, fui picado por mosquitos, tomei banho de rio. Vi botos, araras, veados, cobras, macacos... Aprendi novas palavras.

Bem, o efeito disso tudo em minha vida, só o tempo dirá. Ainda é cedo para emitir qualquer juízo com precisão. Não sei se sentirei saudades. Enfrentei medos, chorei, fiquei só em diversas situações. Reconheço que tais feitos não foram mérito da Amazônia, pois poderiam ocorrer em qualquer lugar. O que talvez não acontecesse em outro local é o encontro com uma natureza tão exuberante. 

A beleza e grandiosidade do Juruá me fascinam: o modo como dá caminho ao viajante que vai e que vem dos campos para as ruas; seu ritmo de encher e de vazar que oferece peixes e perigos; suas belas e produtivas praias de melancias; as grandes balsas e recreios que por suas águas transportam combustível, alimentos, veículos, mantimentos, e etc.

Por fim, deste tão comum e indispensável curso fluvial, ser-me-á inesquecível a pequena e movimentada Marechal Thaumaturgo, com seu povo acolhedor, sofrido e humilde. Não sei se os meses que lá vivi me são um sonho que parece realidade ou uma realidade que parece sonho. Calma, ledor, pois tal incerteza não significa que passei lá os melhores dias de minha vida. Significa sim, que ali passei alguns dos dias mais importantes de minha existência. Dias de renúncia, silêncio, isolamento, saudade, carência, decepções... Dias de fé.

Um dia, se Deus quiser, ele me explicará tudo. Por hora, a mim cabe contemplar, guardar no coração e na memória, e servir, conforme Ele quiser. Amém.






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