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Ontem fez um ano que deixei Eirunepé. Ledores, essa data estará gravada em minha memória ainda por algum tempo, mas depois, creio que a esquecerei.
Qual seu significado? Nem sei se consigo explicar. Mas penso minha vida estar marcada de muitas formas pelos dias vividos lá. Quero citar apenas três. Vamos lá...
Na primeira tem destaque a experiência do limite. Não consegui permanecer por lá durante o tempo que se havia predeterminado. E minha desistência faz-me sentir o sabor da derrota.
Na segunda tem destaque a experiência da coerência. Permanecer lá seria apostar no exercício de um ministério sacerdotal incoerente com o ministério buscado por mim. E isso me mataria aos poucos.
Na terceira forma a citar tem destaque a experiência de fraternidade. Talvez, cinquenta dias em que lá estive, fiz mais contatos fraternos que em seis meses em Guajará. E de algumas almas boas, companhias musicais, jovens liturgistas, agentes de pastoral carcerária, preciso admitir sentir certa inquietação ao refletir sobre o que poderíamos ter feito juntos se eu tivesse ficado.
Perdão, ledores, por ficar contando fatos desinteressantes. O melhor é fazer reflexão. Vamos tentar então.
Na vida, desencontros podem ser fonte de bons encontros. Tudo o que me levava a crer ser minha presença em Eirunepé desconforme a meu projeto de vida levou-me a rever tal projeto e a firmar o que me realmente era importante dele. Redescobri a mim mesmo, a minha vocação, ao caminho que naquele momento eu precisava trilhar. Essas coisas me levaram a Marechal Thaumaturgo. E disto não me arrependo.
Admito, todavia, que os dias que precederam e que sucederam à decisão de pedir pra sair foram sofridos. Dói reconhecer não ser a pessoa certa. Surpreendi-me e magoei-me com o jeito de o pedido ser, a princípio, rejeitado. Triste e solitária foi a saída.
Mas hoje, um ano depois, recordo-me sem abatimento. Passou. Acabou. Sobrevivi, graças a Deus. E algumas coisas aprendi. Eis o mais importante, de alguma misteriosa forma, cresci.
Não lhes desejo, ledores, crises, sofrimentos, decisões difíceis a tomar. No entanto, se um dia tiverem de enfrentar tais situações, que lhes sirvam de aprimoramento humano, e os leve à santidade. Amém.
Bom texto, com certeza! Carregado de lembranças que o tempo as divide. E nos remete ao exemplo de determinação, coragem e fé. Mudou o curso da história, mas não o seu fim, servir. E o fez pela sensibilidade, a missão onde o chamado era latente, pelo alento de Deus. O povo das águas foram agraciados(Maltha). Graças a Deus!
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